Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Reflexão...




















"Nos recôncavos da vida faz a morte germinando no silêncio.
Floresce como um girassol no escuro de repente vai se abrir,
no meio da vida, a morte faz profundamente a vida!"
Desconhecido

"As pessoas pensam muito pouco na morte.
Passam suas vidas preocupadas com verdadeiros absurdos,
adiam coisas, deixam de lado momentos importantes."
Paulo Coelho

Por Mário Rezende...Valor das Letras













Se as letras fossem valorizadas como os números,
com quantas escreveríamos amor?


www.mariorezendemeusescritos.blogspot.com

Por Sulla Mino...Inocência


















A inocência desta vida...
Misérias, idéias frias, sofrimentos, dias...
Acordes num ambiente vazio,
ecos e feridas abertas,
morte e solidão chorando...
É a inocência deste acaso?
Na frase “eu te amo”?
Qual o pó que um dia foi gente?
Inocência olhando pela janela,
passa o clarão do dia e
à noite tudo vai embora,
como o sono no corpo.
Também sou inocente quando durmo,
quando vejo a vida passar rápida
diante de mim.

Por Sulla Mino...Contos que conto...Bebel.com


Estava na sala de bate-papo mais uma vez. Bebel como gosta de ser chamada, seu estilo na Net é de maldades e malícias.
Bebel não se dá muito bem com a mãe e o pai quase não vê. A mãe uma dona de casa um tanto rude e o pai que vive atolado no trabalho e chega sempre em casa muito tarde da noite.
A madrugada é a fiel companhia da jovem, seus velhos amigos internautas e claro, o melhor horário para os encontros virtuais.
Tudo pronto. O melhor Baby Doll, as unhas grandes e vermelhas, o cabelo muito ruivo, cigarros, chocolates e um bom refri ao lado, 16 anos apenas e muita baixaria!
A partir de nove horas da noite começa todo um ritual de espera, como uma pesca, e quando é lançado o anzol, apenas aguarda a presa, ou melhor, o melhor peixe.
A mensagem de Bebel para os jovens é:
“Vou apoderar virtualmente das suas maldades” e assim seguia noite adentro a espera de algum safado de algum lugar qualquer.
Este é o comportamento de uma adolescente louca, sem tino algum. A mãe que vive quase sempre a base de remédios para depressão, sempre com a mesma dor de cabeça, sem diálogos, sem planos de vida, sem atenção alguma para a filha bastarda, ou quase isto.
O pai ambicioso com o trabalho e sinistro no semblante, sem tempo algum para acompanhar Isabel, sua doce menina sapeca ou simplesmente de notar a Bebel que havia dentro de casa.
De um mês para cá, nossa jovem estúpida e alucinada pela internet, bate papo com uma pessoa diferente. Ele não gosta de se mostrar, nem de ver com quem tecla. A partir das nove da noite, ele está sempre ON, ele digita palavras maldosas, cheias de malícias. Bebel se apaixonou por estas letras e códigos, por um homem sinistro, ela já se empolgava com apenas um click do teclado.
A nossa pervertida tentava envolver sua presa, tinha suas artimanhas e procedimentos, colocava sua CAM ligada e deixava fixa em uma parte de sua coxa ou mostrava apenas uma parte dos seios, partes desejadas do seu corpo, seu belo corpo primaveril.
Em sua cabeça, pensamentos erradios e severos, com um homem bonito ou feio, magro ou gordo, alto ou baixo...
Era assim, ninguém via ninguém, apenas sexo virtual, um tchau e mais nada. Este era o jeito deste homem cruel, tinha de ser assim, ou ela aceitava as regras ou ele imediatamente deletava.
Depois deste clima intenso, nossa bastarda vai tomar um belo banho gelado, para refrescar o corpo suado depois de um momento de pecado. Quando ela sai na ponta do pé para seu quarto, se esbarra com seu pai no corredor, isto umas 2 da amanhã, ele também na ponta do pé indo para quarto.
- Papai?
- Chegando agora do trabalho?
Bebel sem graça pronunciava estas palavras ao pai.
- Querida! Respondia o pai também um tanto sem graça.
- Papai anda muito atarefado no trabalho, vou me deitar nos falamos amanhã, sua mãe como está?
- Como sempre papai.
Bebel recebe um beijo do pai na testa e volta ao quarto. Esta foi por pouco, nossa jovem temeu uma visita do pai ao seu quarto, seu mundo sombrio.
Um mês passado, nossa sapeca resolve aceitar o convite do louco e carente homem, ela não se intimida e marca no centro da cidade, uma da manhã, no beco escuro e úmido, esquecido e isolado por todos.
Coloca a mini-saia da sorte e sua bota preta e sai de encontro ao homem de contagiantes códigos.
Lá, encostado na parede, já a espera da jovem, apenas a sombra de uma pessoa sinistra, Bebel se aproxima já se atirando para o homem para dar-lhe um beijo, e que belo beijo foi dado. E ali enquanto mãos deslizavam no corpo um do outro, o zíper aberto, a moça é atirada na parede, é afastada sua perna uma da outra, os movimentos dos corpos errantes acompanhavam os batimentos...
Uma voz ao ouvido de Bebel sussurra:
- “Você é melhor que virtual”.
Neste exato momento, Bebel afasta o homem de seu corpo, pedinte de sexo.
- Papai?
Apenas a luz amarelada do poste era a testemunha.


*Foto de Heraldo Cunha

Por Sulla Mino...Contos que conto...Catarina


Ela chegou desconcertada na sala de estar, ajeitou a mobília, aspirou o pó, trocou o cortinado. Certificou se os objetos estavam posicionados nos mesmos lugares de antes, de semana passada.
As quartas-feiras sempre eram intensas...
As roupas no cesto para serem engomadas no final do dia, o banheiro já estava com o ladrilho branco e cheiroso as onze da manhã, a louça e a prataria lavadas e guardadas e Totó tinha dado o passeio matinal pelo quarteirão.
Ainda os quartos, o quintal, a varanda para serem arrumados e varridos.
A TV ligada no canal do seriado, de passagem de um cômodo para o outro, uma olhadela rápida para não perder o assunto, uma pausa para ajeitar o lenço na cabeça, retirar a luva das mãos no intuito delas respirarem um pouco.
Três da tarde... A casa “clean”, a blusa manchada e empoeirada de um dia de faxina, a dor de cabeça diária já apontava no lado esquerdo do cérebro.
Pegou o envelope preso com um ímã na geladeira, seu pagamento semanal, colocou na bolsa que ganhara da patroa, apagou as luzes, deu voltas na chave da porta, segue ao ponto de ônibus.
O primeiro carro perdeu, devido o atraso pouco, quarenta minutos depois, sobe no 438 rumo centro e de lá ainda o trem. Aquele cochilo básico batendo a cabeça no vidro da janela e lá fora a chuva fina cai no asfalto ainda quente do dia.
Oito da noite... Ela chega à sala de estar da própria casa, certifica se a mobília ainda está lá, não houve roubo, a poeira ela deixa para o dia seguinte, com o corpo cansado e com o sono no rosto, segue para a cozinha preparar o jantar. Ainda dever de casa com as crianças, depois retirar o cheiro de cebola das mãos para o marino não reclamar...
A avó faz o papel da mãe durante o dia, menos feriados, o marido não dormiu em casa, mais um plantão.
Trim... O despertador soa quatro da manhã, pó de arroz para disfarçar as olheiras, Catarina se apressa para “tomar” a van até a Estação de trem, hoje tem a casa da Dona Berenice.

Por Sulla Mino...Encontro


















Há em minhas veias
um sangue que chora,
escorre com minhas marcas e
feridas ainda abertas.
Tenho um coração que pulsa e
dói. tenho uma canção que
soa em silêncio.
Que serei?
Estou num corpo que se tranca no escuro.
Quem me ouve?
Minhas veias entopem,
entorpeço na dor.
Sigo ao meu encontro com Deus.

Por Sulla Mino...Que fizeram do Tempo?




















Tempo?
Congelaram ideais,
transbordaram princípios,
quebraram regras,
como na guerra...
Mortificaram pensamentos e
o sono não responde mais a noite.
Implicaram com sorrisos ainda por dar,
malcriados não deram importância
ao passo a passo prazeroso de caminhar.
Não há mais esquina para se dobrar,
nem moços ou moças estragados,
nenhum punho fresco ou vizinhos.
Silêncio, vitrines vazias,
vento fraco soprando na rua abandonada,
nada de nada,
o que fizeram?
A chuva cai agora lavando os restos,
levando ao bueiro sua água avermelhada
e o cheiro de sangue fica no ar.

Por Ronaldo Monte...O Velho e o Antigo

Tenho sessenta e dois anos e guardo uma fotografia de quando tinha uns quatro anos de idade. Agora, pergunto: quem é velho, eu ou o menino da foto? Uma das respostas que me ocorrem é que a foto seria antiga, enquanto eu sou contemporâneo. Pelo menos contemporâneo de mim mesmo. Deste ângulo, velho seria o menino da foto, enquanto o cara que escreve estas linhas é um fenômeno atual.
De um certo ponto de vista, o menino da foto e o escriba são exatamente a mesma pessoa. Ou não? Vejamos. Será que as células do sessentão são exatamente as mesmas do garoto? As feições do velhote lembram minimamente a cara rechonchuda da velha fotografia? A memória do pré-ancião recorda as coisas vividas pelo menino? Pode ainda o atual candidato a proveta olhar o mundo com os mesmos olhos ingênuos da antiga criança? Pode o gasto coração sentir com o mesmo frescor as emoções que abalavam o coração nascente?
Enquanto escrevo, vai se firmando uma certeza: sou um ser de memória. E no âmbito da memória, tudo gira entre o velho e o antigo. Velho sou eu. Antigo é o menino. E de mãos dadas, o velho e o antigo vasculham os escombros da memória para com isto construir algo de verdadeiramente novo. Algo que estará além de mim e do menino.

www.blog-do-rona.blogspot.com
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