Desejo um laço
apertado. Um laço sem um nó apertado. Um laço vermelho, que me envolva na
cabeça e deixe livre minha garganta. Feito uma menina, poderei sorrir e não
ficar mais triste, nem sentir dor, poderei pular nas poças em dia de chuva
forte.
Não deixarei cair no poço, nem sujar na lama, muito menos escorrer por
entre meus dedos em dias de vento forte. E deixarei de lado esta vontade doida de
salvar o mundo. Não serei mais louca, prometo. Ficarei em pausa miúda, apenas
clamando versos ao léu, ao céu. Mais nada. Com um laço apertado na cabeça,
me esquecerei das dores do mundo,
esquecerei dos ladrões que me levaram os sonhos, me levaram o sono bom que
tinha toda noite.
Levaram a menina que tentava crescer, correr entre os girassóis.
A melancolia não gosta de vermelho já dizia vovó, então meu laço deve ser
vermelho intenso. Poderei alegrar minha alma, tirá-la desta podridão, deste
obscuro vazio, deste lado oco. E com ela poderei sair por aí, sem medo do
anoitecer, não teremos medo dos uivos vindos de algum lugar que ainda não
descobrimos, apenas sentimos medo e correr não tem sido divertido. Preciso de
um laço que não me estrangule. Ele deve somente me acalentar, me tornar bela, e
bonita igual Carolina minha vizinha.
E sempre estou no caminho de pedras
bonitas à procura do meu laço. Chove pouco agora, uma chuva leve, feito garoa
na primavera... E eu ali, tão pequenina e frágil, chorando... Por que um laço
vermelho? Dizia uma voz suave em meu ouvido. Foi quando ele, o tempo, acolheu a menina em
seus braços. E cantarolava numa voz doce e melodiosa, uma canção que acalmava
até mesmo o mar em dia revolto.
E eis que marina já não tinha chão, apenas asas
cristalinas e laçarote vermelho na cabeça. Era uma borboleta diferente. Pálida
e feliz. Uma borboleta Marina? Tempo, sou criança ainda e prefiro sonhar,
sonhar em ter um laço vermelho, ser criança que corre, e borboleta colorida.
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