Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Workshop de Viola




Eita Mossoroenses...Oia onde eu fui sô! Inverno no interior Paulista é tempo de boa música. Acontece em Atibaia-São Paulo O Festival de Inverno, para nossa alegria! De 04 a 28 de Julho de 2013. Em meio ao caos que estamos vivendo, nada melhor que deliciosas músicas para acalentar nossa alma. 

O Workshop de Viola foi intensamente maravilhoso, eu pude apreciar melhor instrumentos bem legais e lembrei-me muito da minha querida Mossoró, lembranças vinham ao som da Viola e Contra-Baixo Acústico e leves toques da Batera... A viola é da mesma família do violino. Foi criada entre os séculos XIV e XV. A primeira Publicação relativa foi: Régola Rubertina em 1543 por Ganassi del Fontego. 

 A palavra viola foi utilizada por muito tempo (antes do Século XVI) para identificar genericamente qualquer instrumento de arco. Até fins do século XVl, havia mais de dez instrumentos com o nome de viola: Viola da Braccio, Viola Bastarda, Viola d´Amore, Viola da Gamba. João Paulo Amaral teve seu contato com a música caipira originou-se quando, ainda criança, acompanhava seu pai nas cantorias em Mogi das Cruzes, sua cidade natal, e nas pescarias de férias no sul Minas Gerais. Além de seu trabalho solo, nos últimos anos gravou CDs e participou como instrumentista e arranjador de importantes grupos no cenário da viola tais como Trio Carapiá, Conversa Ribeira e Orquestra Filarmônica de Violas. 

O show é baseado em composições autorais e arranjos de clássicos caipiras, mesclando músicas instrumentais e algumas canções interpretadas pelo violeiro. Une a força e tradição da viola e de seus ritmos caipiras com a técnica, harmonia e linguagem do jazz e da música instrumental brasileira. O talentoso João Paulo Amaral atua como professor de viola caipira na Escola de Música do Estado de São Paulo, Tom Jobim. Ele deu um show de Viola pra nós. Ele é professor e inaugurou o curso superior de Viola Caipira da Faculdade Cantareira - São Paulo. É autor do livro/cd Viola Caipira - arranjos instrumentais de músicas tradicionais, ganhador  do prêmio "Ney Mesquita". 

É graduado e pós graduado em Música pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pesquisador pioneiro, defendeu o primeiro Mestrado em Música sobre viola caipira no país, pesquisando sobre Tião Carreiro. O Show foi realmente incrível. Fui apreciar minha amiga Márcia que está tocando Viola. Pense num instrumento legal! O show foi grandioso. Pude contemplar o contra-baixo acústico, o artista Alberto Luccas muito me encantou. 

Era bonito vê-lo tocar e encantar...Era uma mistura de alma e harmonia. Parabéns ao Trio e certamente além de aplausos, peço-lhes BIS! E o que acha de ter uma boa leitura? Um livro que foi contemplado no Prêmio Ney Mesquita da Cooperativa de Música, VIOLA CAIPIRA – arranjos instrumentais de músicas tradicionais apresenta uma coleção de partituras para solo, duo e trio de violas. O livro, com arranjos organizados de forma progressiva e escritos em partitura e tablatura musical, traz os toques dos principais ritmos e gêneros da música caipira, destinando-se a violeiros iniciantes e avançados. 

Acompanha CD com gravações de todas as músicas, em versões para afinações cebolão em ré e cebolão em mi. Então...Aprecie sem moderação.


Evento GURI em Atibaia-SP. Violão, Violino...Johnny Souza participou.







Feliz Dia dos Pais_Sol na minha vida






Na manhã de domingo do dia dos pais, eu estava meio confusa e carente. Parei a pensar o que seria este dia pra mim, as intenções dele e como este marcaria mais um ano em minha vida. Quando nasci “há dez mil anos atrás”, meu pai não estava lá e quando cheguei em meu novo lar, estava a minha espera a Sol e me apanhou em seus braços miúdos.

O tempo foi passando, ela me ajudava quando eu tentava dar meus primeiros passos, colocava a chupeta em minha boca. Meu genitor me ensinou jogar sueca, tragar cigarro e beber caracu, fora aquele futebol nos fins de semana, era legal, a pior parte era colocar o uniforme do Botafogo, time preferido dele não o meu.

Enquanto a Sol ensinava a me vestir, pentear e me levava para brincar na rua, brincadeiras de criança, pique pega, bandeira...E final do dia sempre em volta da fogueira com belas cantigas de roda.
Na minha pré-adolescência, eu viajava, embora com amigos mais adultos, eu ia e muito feliz, ouvia as melhores músicas de grandes artistas, lias bons livros que ela emprestava. Tinha deveres da escola, trabalhos e as dicas quando eu tinha de passear com outras pessoas.

Na minha rebeldia de adolescente, a Sol estava lá, eu levava bons cascudos na cabeça, e ela sempre me explicava o porque de eu não poder fazer tais coisas e mesmo quando eu as fazia e por fim chorava, lá estava novamente a Sol, com seu ombro, seu carinho.
Na minha formatura ela tirou lindas fotos, quando eu fui mãe a primeira vez, ela me apareceu na maternidade e perguntou se eu estava bem e sorrimos juntas. Quando eu fui mãe pela segunda vez, ela estava lá novamente, de novo nos olhamos profundamente, ela estava para certificar se tudo corria bem, fazendo seu papel de avô.

Meus recitais, minha dança nos melhores palcos, nas minhas belas coreografias nas tantas bandas que trabalhei e viagens que fiz, ela não pode, sei que não, em outros momentos piores e melhores esteve, pode ter certeza que sim, não nos que sorri, mas no que chorei ela não faltou.
Espero que todos tenham comprado um bom presente para o papai ou simplesmente que estiveram em casa, fazendo companhia ao homem que muda nossas vidas. Eu não pude dar cuecas, meias ou uma caixa de lenço, a Sol não iria gostar. 

Mas, dentro de mim tenho o melhor presente, as lembranças, as recordações, as saudades e isto sei que não tem preço, não tem folha de presente que cubra. Seria difícil descrever todos os momentos em que ela esteve presente em minha vida e até nos dias de hoje, eu já adulta, ela ame cobre com o seu perfil, como professora, literária, mãe e amiga.

Seria minha irmã meu pai?

By Mário Rezende_SOCORRO! QUEREMOS VIVER!




Começa a arquejar o pulmão verde do mundo.

Por vezes penso se um dia vai ser só memória

aquele balancear tranquilo e sereno da ramaria,

ora atiçada pelo vento, ora pelo passeio da macacada.

Anauê acará. Anauê aracema, caapuã, sauá.

Oxalá não veja a humanidade, em lugar desse bucolismo,

o solo seco crestado pelo sol inclemente,

o calor transformar o tesouro verde em palha

e, depois, o ar em movimento carregar o pó

soprando para longe a terra ressecada.

A natureza por ser perfeita é lenta, construir leva tempo.

Quantos séculos de trabalho de nossa mãe

para engendrar toda essa bela trama!

Ao contrário, destruir não demora.

Poucos golpes de machado ou de serra

abatem um soldado da vida nessa Terra.

A azáfama interesseira já fez muita ferida

na preciosa mata onde ainda piam alguns passarinhos.

Não demora a mangabeira vai deixar de existir por lá,

como ela o mogno, a seringueira e o açaí.

Para onde irão as orquídeas e bromélias,

o boto rosa, o pirarucu, a piranha, o caapora

e toda a exuberância verdejante?

Enquanto se dorme nas palhas e não se move uma palha

para trazê-la ao colo e protegê-la da predação,

estão lá os fazedores de deserto, ambiciosos e inescrupulosos

deserdando nossos filhos e desertando a esplêndida floresta.

E, assim, não demora, nas águas da Yara, morada de Irupé ,

o Iguará de asa branca, a lua airaquecê e a estrela airumã

não poderão mais se banhar, tampouco se admirar.

Funciono




Refaço-me. Todos os dias. De algum jeito torto e desmiolado. Negra, branca, bela e miúda. Conserto-me com um pouco de dor, um pouco de amor. Com um pouco de desespero e rebolado tosco. Um pouco de sangue ralo que escorre por entre as incertezas, nas veias. A fera sorrindo, a borboleta levantando voo. Tem tudo dentro de mim. 

Dentro deste lado avesso, me desperto... Tardia, choramingando que apaguem as velas acesas no corredor. Sorrio. Um sorriso sufocante de um gozo silenciado, aflito. Virgem. Em um nascer que feri a própria carne. Que corta cruelmente pedaços fatigados de mim. De minhas insônias, que arrebenta com minha estupidez. Com meu lado fraco e pouco palpável. Refugio em meus versos, em palavras poucas que bastam. Por um dia somente. E algo tão grande mendiga por rimas, palavrões. 

Estou assim, assassinada por mais uma noite. E agora posso voar. Cair deste ninho, deste mero invólucro, ordinariamente me atiro por aí, feito um zumbi errante, uma retirante sem causa. Assim o corpo se levanta, trêmulo, feiro criança aprendendo a andar. Levanto e calmamente vago por aí, talvez em busca da saída, talvez carente de esperança ou oração. Sem medir ou tracejar um caminho. Apenas esforço para se despedir daqui ou implorar água na próxima encruzilhada. E catando vagarosamente cacos para me recompor. 

Assim Funciono. 

Mesmo com rastros de lágrimas, e a mente ainda medrosa e alma enferrujada, este corpo humano e seu funcionar já basta. Poderei morrer... Ou nascer. Ou continuar feio andarilha, cavando minha reais delícias. Funciono, revirando-me ao extremo dia após dia, incansavelmente tola de mim mesma. Feito um tic-tac do relógio surrado de bolso. Funciono, funciono, funciono...Feito agulha gasta da vitrola da vovó.
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