Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Tenho procurado...



Tenho procurado palavras para escrever uma declaração de amor. Tenho ensaiado  em frente ao espelho, frases doces, palavras de conforto. Tenho buscado um EU mais forte aqui dentro. E nestes momentos em que tenho buscado tantas coisas, encontro um pedaço de mim que sente. 

Sente tanto que dói o peito, que aperta minhas sensações e paraliso. Paraliso ideias, lembranças que já havia esquecido. E em tantas tentativas vãs de se esquecer coisas perdidas, acabei encontrando outras que não desejava. Não desejava ter medo. Não medo do escuro ou saltar de jumper. 

Medo de ter medo. E com isto, o choro acaba sendo incontrolável. Feito torneira quebrada, que pinga e pinga e este gotejar que se junta no assoalho cinza, que escorre para lugar algum. Minha declaração de amor no momento está em branco. Não há palavras bonitas ou frases completas...A caneta ainda está em minha mão, a tinta é colorida e perfumada, o papel reciclado num tom gelo. Só isto consegui até o momento. Tenho procurado até mesmo no dicionário, de A a Z, e ele se torna invisível, não enxergo o que gostaria de escrever. 

Ou as coisas se embolam, uma mistura de cor e letras, tudo miúdo e cruel. O que tenho medo de ler? A palavra Fim? Adeus? Morte? Eu tenho procurado uma escrita afável para desabafar. Procuro uma faca afiada para cortar o nó desta corda das mãos. Procuro em mapas estranhos, diagramas esquisitos, imagens de raio x...Incertezas descritas em cruzadas pálidas. E nas minhas tentativas de rabiscar no papel, me sinto lentamente caindo no abismo, um imenso percurso entre o entender e o aceitar. Entre tolices e dúbias. 

E mesmo neste cair desesperador, me pego repetidas vezes tentando agarrar nas paredes, agarrar-me nas lacunas do desespero e dor. E sinto que estou dormente, de algum modo torto que não alcanço, ou minhas garras estão curtas, nem afiadas ou vejo estas brechas que não existem. E me torno coisas que giram e que somem... Ou aceitar que todo poço tem beira e fundo. 

Eu procuro mesmo assim, entender as fases que me rondam, da lua, mar e SOL.


Um comentário:

Mario Rezende disse...

Tomei a liberdade de publicar esta postagem no meu blog, que também é seu mas não usa,http://mariorezende.blogspot.com.br/. Seu fã nº 1.

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