
Os mortos dentro de mim se calam,
num silêncio ensurdecedor.
As velas no quarto se apagam,
e os vultos absolutos me empurram a
completar minha existência plena.
Antigos nomes me vêm a mente,
como um lampejo,
me apego às coisas vãs,
como uma caneta preferida de um artista.
Eles me elaboram, eles, os mortos, me moldam,
me despedaço nos argumentos de outrora,
feito cachimbo mal tragado.
Me afogo nas dúvidas medrosas,
feito lâmina cortante na mão de uma criança,
uma eternidade curta e sem prazo algum me consome.
Meu mortuário está pronto, os mortos
irão me levar, a corda do meu pescoço está pronta,
a lua some do céu e o mar se agita.
Sou deles agora, o quarto já não é mais meu,
nem minha voz, nem meu destino...
Meu corpo jaz em algum lugar do escuro.