Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Cha Cha Cha



Considera-se que este estilo de dança teve inicio em Havanna-Cuba, em 1951 , tornando-se uma mistura de ritmos Africano com a guitarra espanhola chamado “mambo-rumba”. Foi criado a partir do barulho que os dançarinos faziam nas pistas de dança. Cha-cha-cha é o nome de uma dança latino-americana riginária do México,12 construída sobre a música de mesmo nome. É considerada uma variação do mambo. Na dança de salão é popularmente chamado por cha-cha

Com origens cubanas, o Chá-Chá-Chá pode muito bem ter sido a primeira dança pop de que há memória, devido ao seu carácter divertido, alegre e muito dinâmico. Relativamente fácil de aprender, o Chá-Chá-Chá pode ser dançado por qualquer pessoa, não exigindo obrigatoriamente um homem e uma mulher, como muitas outras danças. 

Existem três tipos de Chá-Chá-Chá: o cubano e a dança original, é marcada por um ritmo mais lento e sensual, mas por vezes complexo; o Internacional, que integra as competições de danças de salão, sendo mais energético e contínuo; e ainda o Country/Western ou o Latin Street que, adoptando ritmos mais rápidos e soltos, é também mais inovador. normalmente latina, latina-rock ou pop-latina – ganhou vida própria ao servir de inspiração para muitas estrelas musicais do passado e presente, ecoando hoje nos tops da música latino-americana onde constam nomes como Ricky Martin

Um atento: Na cultura da dança de salão, em um evento social de dança, não se deve recusar um convite de alguém para dançar, e nem ter ciúmes se alguém chamar o parceiro para dançar. Dentro dessa cultura, é considerado um ato de educação um homem circular pelo salão e dançar com todo mundo. Extremamente contagiante e bem-disposta, o ritmo de forte percussão que domina o Chá-Chá-Chá é um convite para saltar para a pista, onde se ouvem instrumentos como timbales, bongos, congas e o badalo. Música maestro… Toca a Chá-Chá-Chá. “... Ya nadie la mira, Ya nadie Ya nadie la mira, Ya nadie suspira, Ya sus almohaditas... Nadie las quiere apreciar. Cha cha cha. Cha cha cha. Es un baile sin igual…” Vamos que vamos!

A Cabana



A Cabana é um livro escrito pelo canadense William P. Young, lançado originalmente em 2007, primeiro lugar dos mais vendidos do The New York Times e desde então já vendeu dois milhões de cópias, foi publicado em português pela primeira vez em 2008. O livro, que se tornou um best-seller desde seu primeiro lançamento não foi escrito para ser publicado, conta o autor.

A história havia sido criada como um presente que Young imprimiu para 15 amigos no natal de 2005. Young afirma que muito da história tem a ver com sua própria experiência de vida e que escreveu o livro em uma ocasião que "ele próprio precisava de consolo". "A Cabana" invoca a pergunta: "Se Deus é tão poderoso e tão cheio de amor, por que não faz nada para amenizar a dor e o sofrimento do mundo?" As respostas encontradas por Mack surpreenderão você, tanto quanto ele.
Vivemos em um mundo cruel, temos marcas e tristezas de “coisas” que nos aconteceram no passado, este livro governa nossa leitura como uma oração e pode mudar nossa vida, como mudou completamente a de Mack.

“Quem não duvidaria ao ouvir um homem afirmar que passou um fim de semana com Deus e, ainda mais, em uma cabana?”. Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada. 
Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o para voltar à cabana onde aconteceu a tragédia. 



 Apesar de desconfiado, ele vai ao local do crime numa tarde de inverno e adentra passo a passo no cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre. Até hoje me pergunto o que eu faria se recebesse um bilhete de Deus para um encontro, acharia primeiro não ser verdade, Deus não mandaria um simples bilhete... Como eu me comportaria diante de Deus, Jesus e o Espírito Santo? E você caro leitor, como reagiria? 

“Se formos como pássaro, cuja natureza é voar, mas se optássemos somente por andarmos e permanecermos no chão. Não deixamos de ser pássaro, mas isso altera significantemente nossa existência de vida”. Vida, morte, fé. “Este livro é sensivelmente transformador”

Sulla Mino,

Filho da Lua

Ela estava lá, bem distante de casa, sentada embaixo daquela grande árvore sinistra, o seu pulso pedindo um basta, um final, com o olhar triste e cabisbaixo, uma tamanha solidão em meio aos devaneios sofridos, sua visagem como a melhor companhia naquele instante.

A dor não doía tanto e nunca conseguira entender a sensação tão intensa nestes anos todos, a lástima de uma paixão avassaladora que corrói na veia sem nunca ter amado, que desgasta os sorrisos poucos e falsos ao mundo, a puberdade chegara e as dúvidas eram muitas, sensações intermináveis, como o começo de um parto natural. Não, ela não é uma jovem tristonha e carente de amor, as lamúrias são canções que ela mesma criou no seu obscuro prazer. A grande árvore já não tem folhas nem flores, somente galhos secos e fracos. 

A belatriz aguarda a noite cair no seu corpo pálido e virgem, o soprar do vento forte do cair da tarde, o sereno misterioso, o frio manso e calmoso. É assim que ela aguarda a chegada da lua no céu escuro, hoje ela será cheia e brilhante. É assim mesmo que ela renasce, a moça ganha mais poder para continuar aqui, neste globo que chamam de Terra, este imenso espelho, seu pavor. A noite chega feito um cavalo, calopando no seu passo ordinário em direção daquela árvore seca e velha. E o ato de ligação sucumbe e não há como ceder aos esforços, morrer é necessário. 

Esta volúpia extrema, apenas uma noite do ano se faz necessária assim, sem dor, copular ao sangue de uma besta humana. A noite penumbral rouba um pouco de vida e ali mesmo naquele campo que divide o tempo e o medo, nasce mais um órfão de pai, fora cuspido do espelho pela lua maldita, os lobos uivam celebrando... Miriam agora é apenas um zumbi, filha do demônio plantado na grande árvore e do seu ventre saíra o filho da lua. 

Ela já não é mais uma simples virgem, seu pecado agora está latente e a morte se encontrará com ela novamente próximo ano. O dia amanhece, a árvore seca e velha continua erguida sob a luz do sol delicado. O menino chora, o cesto fora colocado no limiar da casa da velha, a anciã do vilarejo macabro, a morte caduca.

Homens que Dançam


Quem disse que homem não dança?! “É ruim da cabeça ou doente do pé”. Quem disse que homem só pode Muay Thai, se engana profundamente. Homem pode dançar, e duvido quem nunca tentou pelo menos uns passinhos de Elvis Presley nas festinhas do colégio?!


A dança nasceu associada às práticas mágicas do homem, com o desenvolvimento da civilização. O homem dançava pela sobrevivência, dançava para a natureza em busca de mais alimentos, água e também em forma de agradecimento. A dança era quase um instinto e esses acontecimentos eram registrados nas paredes de cavernas em forma de desenhos. Homens dançam, por que não?! Desde tempos remotos o homem dança. 

O número de homens que buscam por aulas de dança cresceu e as mulheres agradecem. Segundo elas, eles ficam mais atraentes, a paquera é melhor... A dança embala o homem, muda o humor, se tornam charmosos, verdadeiros galãs, como os de Hollywood! Além de mudar o convívio com as pessoas, eleva a autoestima. O homem que dança já é um diferencial. Dançar é bom e faz bem. Arrisque um passo para cá e outro para lá...Assim vai sentir que pode ir mais além, um pouco mais em sua vida. A grande maioria dos homens tem vergonha em dançar... Nós mulheres, nos perguntamos o por quê disto. Vergonha faz parte de todos nós, é o início, quando se deixa abrir para novas oportunidades, as coisas tem uma grandeza incrível, você irá notar rapidamente as mudanças de dentro para fora e não vai mais querer parar, e incrivelmente nos tornamos melhores, capazes e apaixonados pela vida. Quando o homem perceber que dançar é um transporte para um tempo diferente, não vai querer parar e não entenderá porque tanto tempo deixou passar. 

Segundo o Professor de dança Diogo Couto, “homens que dançam, passam de um simples provedor para um de qualidade, onde aprende a conhecer o corpo e alma de uma mulher, podendo transformar uma simples dança em um divisor de águas do ser, do sentir e do realizar”. Traquejo é o que faz parte dos homens. Numa balada, por exemplo, um homem não precisa de bebida para tomar coragem e chegar em uma mulher, basta chamá-la para dançar que tudo se encaixa perfeitamente. Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram. 

Dançaram para expressar revolta ou amor, reverenciar ou afastar deuses, mostrar força ou arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver.” Você se torna um homem de atitude! Não precisam ser um Fred Astaire na pista, basta se sentir livre. Um homem que dança nunca está só, se torna livre para o mundo lá fora e também nos braços acalentados de uma mulher. “Dançar é uma necessidade interior, muito mais próxima do campo espiritual que do físico, foi o que motivou o homem a dançar utilizando-se do movimento como um veículo para a liberação de sua vida interior”. “ Dançar provavelmente não é seu objetivo ao ir a uma festa, mas aprender a dançar bem é uma excelente arma de sedução”

“Mas não precisa ser forte ou algo assim. Pode ser baixinho, gordinho e com pouco talento em artes marciais. Mas precisa passar segurança ao entrelaçar os dedos nas nossas mãos, como se ali gritasse que tudo vai dar certo”

A Dança e Eu


Falar algo de mim?! De algum episódio que marcou na minha vida ou simplesmente o que há de tão simples dentro de mim... Minhas vastas palavras são geradas em torno de outras pessoas, de sonhos repentinos na madrugada, sobre um assunto prolongado numa conversa na lanchonete, ou ideias que vem repetidas em minha mente. 

Oh! Somos o que somos ou apenas o que nos tornamos ao longo do tempo, dos meros instantes. Somos movidos e moldados em momentos únicos e eles se tornam lembranças, estas nós guardamos no baú das nossas delícias. O meu baú está trancado, com todas as incertezas e medos, rascunhos coloridos e muitas palavras de amor. Embora eu não saiba muito sobre o amor, mais eu o sinto constantemente. 

Procuramos um equilíbrio mental nesta vida, e após uma breve tempestade, ficamos a deriva... Uns priorizam uma viagem fora do país, outros se equilibram em doses de tequila e tem os que pintam quadros...Eu procurei dançar. Achando que uns passos para cá e para lá iriam mudar o rumo da minha vida, fortalecer meu lado físico, nutrir-me mentalmente. 

Me enganei. Foi muito mais que isso. Aparecem pessoas em nossas vidas, de repente nos vemos obrigados a sorrir, a fingir que está tudo bem, mais quando pisei a primeira vez na sala de dança, tive de ser verdadeira e meu sorriso saiu sem querer. A sala iluminada, a música que tocava soava mansa …. E fui adentrando naquela cena, feito tomada iniciada num set de TV. 

Conheci Diogo Couto, o professor de dança, um grande dançarino, uma pessoa carinhosamente verdadeira, único. Para ele não importao nosso status, cor de pele ou religião, ele tem um cuidado extraordinário com cada um de seus alunos e eu fui contemplada nesta estância, e me tornei parte desta família. Eu procurada equilíbrio e encontrei paz. Procurada um instante novo para meu baú e encontrei uma eternidade de coisas … Infinitas... E descobri que ser livre faz parte de mim. Somos conduzidos nos passos frenéticos de um lado para o outro, e se fecharmos os olhos, somos apenas um, indo em busca do mesmo objetivo. 

Assim é um par quando se dança! E agora já não sou mais ímpar, já não posso mais voltar, tenho de continuar nesta andança magnífica de bailados e ….

Mãos sobem, ponta dos pés... Panturrilha arde... E o prazer vem depois de tudo isto sentido, como se formássemos asas para lançar voo. Eu mudei. Dançar faz sentir a vida e que ela vale a pena. Me faz querer o dia segunte, e culpo Diogo por isto, sem estas sensações já não poderei ficar. E o que me sufocava já não lembro. Sinto que meu barco já não está a deriva, me sinto segura nele, em terra firme já não poderei atracar, o cais já não me pertence. 

Cada aula que vou, me renovo, colo um caco em mim, e tenho me sentido inteira e deliciosamente feliz. Algo que marcou pra mim? Muitas são as coisas que me cercam e que me talham, mais dançar realmente é minha tatuagem, e nem o tempo há de apagar. Diogo me acalentou no momento em que eu mais precisava e agora poderei seguir de uma maneira diferente, uma New Dance. Porque 

“...Me leva onde quero ir...”

RODEIO DE BRAGANÇA PAULISTA 2015


A história do rodeio no Brasil se iniciou na cidade de Barretos. No ano de 1955 a pecuária era a maior atividade econômica da cidade, onde estava instalado, desde 1913, o frigorífico Anglo, ao qual os “corredores boiadeiros”, como eram conhecidas as vias de transporte de gado entre os estados, se encontravam e para descontração e diversão montavam os bois e cavalos, desafiando uns aos outros suas habilidades. 
De um passatempo entre os peões das comitivas, começou a atrair pessoas interessadas em ver o “espetáculo”. Em 1947 na quermesse municipal, aconteceu o primeiro rodeio do país, realizado dentro de um cercado com arquibancadas, surge assim o que é conhecido o formato de rodeio. A 1ª Festa do Peão realizada no Brasil aconteceu sob uma velha lona de circo, e não poderia deixar de ser, a principal atração eram os peões que passavam meses viajando pelo Brasil a fora, agora eram estes as estrelas da festa. Na década de 60 havia vários eventos ligados ao rodeio no Brasil, principalmente no estado de São Paulo. 
Muitos dos peões que antes tocavam a boiada, agora eram competidores, participando de rodeios atrás dos prêmios. Bragança Paulista é um dos municípios do estado de São Paulo, faz parte das estâncias climáticas chamadas de Circuito das Águas e apresenta uma população de aproximadamente 158856 habitantes, segundo os números do IBGE em 2014. E em Abril foi comemorada a 50ª Expoagro-Festa de Peão de Boiaddeiro em Bragança Paulista-SP. A festa contou com diversas atrações nacionais como Luan Santana, Capital Inicial, Cristiano Araujo e Henrique E Juliano, Fernando e Sorocaba, Jorge e Matheus... Houve rodeios entre 09 e 12 de abril e no dia 19. Uma mega estrutura foi montada com parque de diversões, camarotes vip e uma boa variedade gastronômica. Diversas modalidades, como: Montaria em touro, laço duplo e tambores. 
Tudo dentro das leis de rodeio, inclusive o uso correto do Sedém. O New Dance marcou presença no evento. O professor Diogo Couto e seus pupilos caíram na “dança” nesta magnífica festa. Todos livres para arrastar os pés e colocar em prática o que foi aprendido nas aulas. A arena era livre, e mesmo com areia grossa na sola dos sapatos, não foi impedimento para o bailado valer a pena. A moda Sertanejo, estilo cowntry, vanera ou marcar firme o arroxa. 
Tudo se torna um glamour. O pública tem um entrosamento gostoso, pedem informações sobre as aulas, os estilos, e claro todos se tornam amigos da família New Dance. Parabéns Diogo! Sua arte contagia e os pupilos se tornam livres em passeios como este, se sentindo em casa, e gratos não só pelas aulas e companheirismo, mais é um enorme prazer ter seu carinho, amizade... om cada um... “Segura peão, vamos que vamos”!

Diogo Couto


A mais completa das artes um dia me envolveu. A dança. Ela e eu. Espírito e carne, movimentos e suor. Ao longo do meu tempo, ela me influenciou, me tornou o que hoje sou, e sou dela ainda, desde pequeno. É a minha cultura, meu pequeno mundo, e me delicio vivê-lo. 

E me pergunto por que isto é tão especial, pra mim?! Sou de fibra e garra, verdadeiramente único. Me sinto vivo, E no meu passo a passo, no descompasso, me realizo, internamente. E vou tocando, abraçando, vendo, ouvindo, caçando monstros dentro de mim, brincando de viver, dançando...Dançando...Numa sintonia perfeita, feito casal feliz, no Bolero, na Salsa, Zoulk...Sou feito de passos marcados, coreografia abstrata de querer, e quero, quero o refrão da música mais bela, quero enxergar meu reflexo no espelho...E não ser simplesmente de histórias bem contadas, ou uma capa de livro bom, quero suar no ritmo frenético, ou suavemente na Valsa melindrosa da vida. Sou Diogo, não José. 

E fui aquela criança em frente da TV. Que me encantava com ritmos, com merengues e gingados...Com passos cimétricos de um lado para o outro, me embalando... Era encantador aos meus olhos. E hoje, instantaneamente, me delicio, e sei que algo já me domina, e é algo tão profundo, vindo de dentro mim, feito amor a primeira vista. E este amor ainda o tenho, inteiramente. E desajustado sigo, me inspirando em todos os bailados. 

Flutuando na arte em dançar, e com o coração cheio de magia... Serei o mago verdadeiro da pista iluminada? Desejo voar... E entre holofotes e andamentos majestosos... Sintonizo-me na música que já soa alto no salão...Um...Dois…Já sigo bailando, aperfeiçoando somente o que já havia dentro em mim...


Mulheres


A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer. Às vezes me flagro imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos: “Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de e-mails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, pra lá e pra cá. 

Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa dirigir bem e entender de imposto de renda. Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser sarada, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e malhar. Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.” Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai ver que é por isso que estou solteira aqui, na luta. 

O fato é que eu venho pensando nisso. Na incrível dissonância entre a criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa da maioria dos meninos, jovens homens,  homens e velhos homens. O que nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós? Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. 

Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da minha mãe brilhar como as provas com notas 10. Os dias em que me arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado. Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia meus pais acharam bacana. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos. Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um lagarto. Não nos chamaram pra trocar fralda de um priminho. 

Não nos explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração. Mas nos ensinaram esportes. Nos fizeram aprender inglês. Aprender a dirigir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a investir nosso dinheiro.  Exatamente como aconteceu com os meninos da nossa geração. Mas, escuta, alguém  lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de preparar o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que a gente não ia ter saco pra ficar dando muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão? Aí, a gente, com nossa camisa social que amassou no fim do dia, nossa bolsa pesada, celular apitando os 26 novos e-mails, amigas nos esperando para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã, se pergunta “que raio de cara vai me querer?”. 

“Talvez se eu fosse mais delicada… Não falasse palavrão. Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar cuecas. Talvez…” Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a lado, de igual pra igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione nossa rotina. O fato é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a nos fazer querer pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é nossa forma de pedir colo? E que às vezes nós vamos precisar do seu colo e às vezes só vamos querer companhia pra um vinho? Que somos a geração da parceria e não da dependência? E não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. 

A culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família. No fim das contas a gente não é nada do que o inconsciente coletivo espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. 

Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para frente. Nós já nos abrimos pra ganhar o mundo. Agora é o mundo tem que se virar pra ganhar a gente de volta”. Achei incrivelmente legal e emocionante o texto de Ruth Manus. 

Confesso que me segurei para não cair aos prantos. Me comovo com a “nossa” história, nós mulheres, que conseguimos conquistas, nesta constante luta por igualdades e de um lugar ao sol. Não podemos nos exigir demais, apenas ser realistas e perceber que somos capazes, e que temos muito a oferecer. Acho que um dia dominaremos o mundo... 

E aí meninas, vamos?


Anjo na Praia


Me envolvi em seus braços naquela noite. Foram alguns instantes que passei naquele quarto de hotel. Envolvida e acalentada, uma mistura de carícias e suor. Não é amor. Não é sentimento. E o que seria então? Esta vasta vontade de beijos gostosos e abraços fortes... Ainda sinto a pele morena na minha, ainda sinto aquele momento, tão breve, mais parecia que tudo passava bem rápido diante de mim, ao meu redor o mundo não existia, somente ele e eu e aquela voz suave ao ouvido. 

Uma voz rouca, pouca, que repetia palavras delicadas e mansas. Me senti um anjo. E sinto que pairei sobre as nuvens mais brancas no céu, uma mistura fantasiosa de mim e alguém que me ronda. Me faço menina, tentando achar estrelas, e sei que ainda nem noite é, mais no meu céu há tantas coisas juntas, que nem sei explicar...Uma constelação que me invade, me acanha e me torna tão calma feito um rio solitário. Sinto trovões por cima de minha cabeça, vultos sinuosos e primaveris. Estou sã? Porque sei que sou completamente louca e sinto ainda em meu corpo as marcas de amor deixadas, sinto como se tivesse levado muitas flechadas do cupido maldito. 

Por que ele me quer? Não quero a certeza de nada e sim as tempestades venenosas deste prazer. Não sei porque acham que me escondem tantos segredos, se o segredo sou eu... Não sei porque tapam a noite da minha face miúda, ou abafam o cheiro bom de jasmim que vem de fora. É o fervor que me deixa ranzinza e um tanto perigosa. E minhas asas imagináveis me levam alto, um voar com tantos sonhos dentro de mim, e giro...Rodopio...Um looping colorido dentro de mim... Mais ainda estava naquele quarto e era real, feito o dia que se vai e a noite que chega tão logo, feito o preto e branco, Rapunzel e seu longo cabelo. 

Quatro paredes, champanhe...A cama macia e lençóis sedosos... A tv fora de sintonia, e um pequeno abajur aceso, um momento romântico...E apenas tenho comigo desejos juvenis. Amarro o laço do cabelo e me ajeito para ir embora. Ir dali, voltar para a triste realidade, para minha sofreguidão interminável. Embora dolorida por dentro, lá no fundo do peito, vou sem resmungar, e mesmo que me coce a garganta, doida para cantarolar versos de felicidade, não me atreveria... Não gostaria de um conflito entre a raiva e o sorriso no canto da boca. 

O nó foi feito com muito esmero dentro de mim, sou agora apenas um anjo com medo, medo de não poder ser abraçada novamente, medo de apodrecer e não conseguir morrer de outra forma. Este hotel que minha mente retém, é apenas o primeiro degrau estúpido para fugir daqui, este alguém de braços amáveis é apenas o meu desamor sem importância, um deslize e desdém da minha dor, da minha alma fatigada e estragada, sem juízo e sem pudor. 

Levo comigo este momento apenas. Talvez uma leve lembrança do letreiro quebrado e da calçada lavada. Um flash ignorante de um lugar que não existe mais. E um gosto doce de pêssego na boca. Fim. Meu corpo jogado na praia... Um beijo apenas era o que eu precisava. Exatamente como estava no livro que li. 

Torname-ei somente uma moça de vestido vermelho ou anjo perdido na praia...

Expo Abiótica em São Paulo_Abril 2015














Com 15 anos de história e, atualmente, com mais de 100 associados, a Associação Brasileira da Indústria Óptica - Abióptica consolida-se como a mais importante instituição do segmento óptico brasileiro. Ao reunir 90% das empresas do setor, a associação acolhe indústrias, fabricantes, importadores e distribuidores - incorporando o varejo e a mídia especializada. Seu principal objetivo é fomentar os negócios no segmento e regulamentar o setor - com intensa e efetiva atuação no mercado. O resultado desse trabalho pode ser visto com as novas possibilidades de crescimento para o setor por meio de suas ações, sempre na vanguarda dos acontecimentos.


http://www.abiotica.com.br/

Moço



A vida passa correndo, eu sei. E realmente estou vivendo? Ou apenas remexendo os velhos baús de histórias? Decifrando as inúmeras palavras soltas e ignorando as que estão no ar... Deus é generoso, e embora eu seja apenas uma poetisa louca, com pele aveludada, uma errante singela e apaixonada, uma amante desnuda, escondendo amores perfumados, pensamentos que abocanham-me, feito gula infantil. Acelera-me o cio, fora de prumo, gritos roucos, atordoada de amor. 

Mas, minh’alma ainda debruçada na janela da solidão, eu nua, tentando atrair o moço bonito do outro lado da rua. E penso como seria nós dois abraçados e fadigados... Sem razão, feito andar nos trilhos, enamorados. Isto seria uma alegria macia, me arrepia a nuca em pensar, numa intensa ansiedade, feito jogo provocante, e sigo extasiada neste fervor absoluto... Neste querer de enredos breves e suor derramado no corpo. Mais agora só penso nos beijos quentes, nas mãos tateando minhas curvas e uma simples taça de vinho sobre a mesa. 

E embriagada deste sonho pouco, que estreita minha tristeza, tento não dormir sobre a colcha colorida da solidão, porque agora tenho sede e não quero a insônia e seu veneno estúpido, sinto-me encharcada de volúpias sem fim, em mim, delicadamente... E banhada, feito flor que se abre na primavera e perfuma pedestres na calçada, sigo pulverizando um sabor carente, delírios... Numa cadeia frenética, exalando minhas agonias, e desatando todos os meus desafetos, pétala por pétala, todos os tesões e palavrões da minha língua afiada e doce. E os restos de mim, os espinhos sangrentos, enrosco em meus passos, antes miúdos e agora apressados na noite que aponta na minha janela. Isto sim é amor! 

Porque me dói inteira. Porque ainda estou faminta de calafrios, porque ainda sou abelha sem mel. Isto é loucura! Disto também sei. Porque me delicio nas frases perversas de desamor. E um simples café pela manhã já não basta, não me desperta para o dia, e lampejos de solidão ainda me encontram, tento me esconder e não sei onde, viajar para fora de mim é inútil.

FAAT Faculdade --> Formatura do meu filho S.Henrique

"O verdadeiro homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo". 
Antoine de Saint-Exupéry











Sonho de moça_Cordel Parte 1



Sou uma moça simples/Tenho um pouco de Pimentel/Nessa peleja quero rimar/Tão rápido feito um corcel. Sou poetisa afirmo/Mais não escrevo cordel. Vou tentar muito e caprichar /Jus a Francisco das Chagas Batista/Que era Editor e sabia inventar/Era nato e um verdadeiro artista/Da xilogravura nem vou falar/Ele era o melhor Cordelista. Esta história é muito nova/era o ano dois mil e seis/Já contaram a mesma história/É agora a minha vez/Já é tarde tá na hora/Escrevo assim: Era uma vez/Conheci um moço bom/Lá no Rio de Janeiro/Piloto de um bonito Baron/Mais tinha pouco dinheiro/Juntamos nossos trapos/E o nosso amor verdadeiro/Pra começar tudo do zero/Me convidou para outra cidade/Pra tentar tudo outra vez/Eu disse que eu não tinha idade/O rapaz outra vez pediu Era pra nossa felicidade. /Deixei família e emprego/Amigos e toda cambada/O que seria de mim/Se eu não tivesse apaixonada?/O menino veio comigo/E deixei lá uma saudade danada. /O outro filho deixei com o pai/Só no começo foi isso/Doeu e sofri um bocado/Mais depois não pensei nisso/O filho vinha sempre me ver/Nas férias era o seu compromisso. Sou do Rio de Janeiro/E sei que lá não posso ficar/E toda vez que penso assim/Fico doida e vou chorar/Minha Terra é muito querida/Vou tentar a vida em outro lugar. Na mala do carro apenas/Poucas roupas e um celular/Poucas malas e lembranças/Os detalhes nem vou contar/Aquele Corsa vou valente/Disso vou sempre lembrar. Passamos por buracos no chão/Lombadas que vou te contar/As estradas muito esburacadas/Pro povo mesmo se lascar/Quase quebramos o carro/E o menino atrás só fazia chorar. Paramos para beber água/comprar milho e descansar/Será que Deus ouve a reza?/Perguntava o filho sem parar/A cidade é bem longe/Mais Deus está em todo lugar. Nem consegui fotografar/Todas s belezas que eu via/Nem vou parar para te agradar/O tal moço assim dizia/Tenho hora e dia pra chegar/Deixe isso pra outro dia. Fiquei com uma raiva danada/Um pouco triste e insatisfeita/Eu não mereço tudo isso/Queria uma viagem perfeita/Fotografar era minha sina/Queria estar satisfeita. A viagem era muito longa/E o cansaço mesmo de matar/E só o moço é que dirigia/Eu só sabia cantarolar/Mais a noite a gente parava/Para poder um pouco descansar. E não aguento nem lembrar/manhã do comprimido. Eita menino danado/Que pra tomar foi só no grito/Tive que dar uns safanões/Me arrependo admito. Depois de dias pela estrada/Chegamos em João Pessoa/Muita coisa pra se fazer/Não dá pra ficar a toa/Conheci toda família do moço/De gente fina a gente boa. A cidade é muito bonita/Mais aqui não vou ficar/Tem lindas e belas praias/É tudo de se encantar/Mais meu destino me aguarda/É lá em outro lugar. Ganhamos muitos Presentes/Jantar e um chá de panela TV talheres e uns lençóis/Embrulhamos tudo com cautela/O caminhão ficou bem lotado/Esta ação sempre vou lembrar dela. E vamos nós outra vez /Pegar a estrada de novo/Ter muitas mudanças, talvez/Seguir nosso lance amoroso/Esquecer o passado ruim/E começar tudo com gosto. Dos lados apenas matos /Na frente apenas estrada/Céu limpo e nuvem rara/Estava ansiosa com a chegada/Conhecer esta Terra querida/Tão bem vista e bem falada. Pensei por um momento/Onde eu vou morar?/Parece o fim do mundo/Não vou me acostumar/Uma casa longe da outra/Aqui não é o meu lugar. A cidade que vos falo/Se chama Mossoró/Terra boa e queridaqVinda do índio Monxoró/Depois que a conheci/Virou pra sempre meu xodó. Terra de Santa Luzia/Do Petróleo e também do sal/Do Sol forte e de terra firmeqSua vista é colossalqJamais esquecerei de ti/Minha segunda Terra Natal.

CONTINUA...




Cartas de Ana


Querido Deus. Hoje é somente um desabafo. Nada tenho a lhe pedir e não tenho algo planejado. Sou Ana. Apenas uma pessoa, simples Ana, feito qualquer Maria, tentando abrir o baú com pequenas chaves que me cortam os dedos. O baú contém todos os segredos para amenizar a minha dor. Uma dor imensa e calma, feito o mar em dias atípicos. 

Há neste baú sorrisos discretos e facas afiadas. Qual chave mágica me guiará para sair deste sonho, deste punho fechado na face? Ela está escondida no molho discreto de pingente antigo? As tentativas são diversas e constantes... E em cada amanhecer tenho tentado não ser tão eu. Estive tentando chorar, na verdade e percebi o quão difícil é. Não é como brincar de teatro na frente do espelho, não é tão fácil quanto parece. Gostaria de lacrimejar um pouquinho de todos meus excessos daqui de dentro, expulsar uma parte aqui em mim que machuca, me que faz perder o ar. 

Gostaria de gerar um alívio discreto, controlável. Gostaria de desencadear de dentro de mim, todas as ideias tolas e tudo incrivelmente sinistro que me persegue. Tenho sido perseguida por esta tristeza e isto tem me assustado, parece não ter um fim. Sou ainda Ana, matuta tentando abrir a fechadura dos meus desejos, incertos. Deus, me sinto tão fraca diante da possibilidade de me libertar. 

Por que tanto caminhar e no fim me atirar ao chão? Joelhos quebrados, rabiscados do asfalto negro. Que Ana estúpida agora existe em mim? Sinto que engulo lágrimas e embaraço cada vez mais meus atalhos em minha mente. Jogar as chaves fora? E minhas tentativas, foram em vão? Pergunto-me, me pergunto... Sufocada na própria agonia, que nem pai ou mãe se importariam. Estive somente tentando chorar, e ainda aqui virgem, com fome e frio, tento chorar, como se um choro forte me fizesse acreditar numa outra história ou me tirar deste medo, deste apuro em abrir meu baú, meu medo. O jeito é rasgar de mim este sufocar macabro de uma criança perdida, uma moça mal dormida. 

Sinto-me agora um minuto, um momento tão curto, uma memória não definida, um fio em curto. O adeus acenado, a vida quebrada, a saudade infinita, o amor, um espírito, um voo rasante... Tudo é tão bem trancado, para uma alma apodrecida não tomar. Tem uma razão merecida para a coruja me vigiar, adivinhar minha morte com o seu piar? Talvez. 

Querido Deus, estou o baú no canto novamente, coberto com relva e flor. Cubro de amor e verso. Volto para o escuro e continuo na tentativa de chorar, desapertar este nó da garganta. 

Sou Ana, gladiadora nesta batalha que é viver, e misteriosamente uma escrava de mim mesma. E percebo francamente, que no fim das contas, nada basta e também não importa muito e que o baú com seus mistérios abrirá, somente com o tempo.

Contos que conto --> Despedida




Hoje me despeço de ti, de mim. Sem acenos medíocres, nem beijo nas bochechas rosadas, as suas ou as minhas. Adeus também não levará na sua memória, nem seu adeus a mim, nem o meu a mim mesma. Prefiro esta metamorfose de delícias que sinto, que tenho, que fantasio e que poderei nunca esquecer. E hoje minha máscara me caiu bem, esta máscara que não é um mero adereço, ela disfarça minhas cicatrizes, minhas lágrimas escuras. 

Não esquecerei de ti, nem você de mim. Esta transformação de um ser em outro, de mim em você, de você que carrego em meu balaio térmico, todos seus deleites estarão nele, e de alguma forma estarei em você, talvez presa numa caixa fosca de papelão, estarei nela mesmo assim, cintilada, etérea. Estarei num purpurinado colorido, com letras soltas, recitando poesias pra você, sim, de algum lugar ainda não definido. Estarei em ti, tenho esta certeza, de alguma forma miúda, estarei envolvida em teus braços, no meu desassossego, na minha inquietude perversa, nas minhas manias de só querer. 

E esse amanhã que nunca chega, sim o dia da minha partida, da despedida nua e crua, sinto um monte de coisas, sinto uma foice me cortar a garganta, sinto o sangue quente descendo pelo pescoço. Hoje me despeço de ti, agora já é o amanhã que nunca almejei, sem fingimentos, sem delícias, deixo-te. Deixo-te, nossos elos se partem, deixo uma parte minha, uma parte invisível e você, fica um pouco em minhas poesias afiadas, as perversas que saem da minha boca. Minha boca que tanto mordestes. Hoje me despeço de ti, na verdade não querendo ir, mais a parte de mim, a que me domina, esta outra parte, errante e indiscreta, que se apoderou do meu lado fraco, esta parte quer sair, fugir, ir. 

Estou indo querendo ficar. Aproveito este dia, que já é noite, celebrarei meu ritual, esta volúpia ardente e irei, irei por aí feito um avoante de asa partida, faltando-me penas. O baile de máscaras continua, eu num ápice esfumaçado, parto. Parto “sem eiras e beiras”, estros, restos e fadigas. 

Sigo por um caminho que não se vê, não se pode ver e trilhas estreitas, um chão impregnado de cinzas, de ossos pontiagudos, de mortos. Sem beijo doce e quente na face ou nas mãos. Hoje me despeço de ti, na verdade de mim, porque minha máscara de hoje não teve serventia, Ela me aguarda no final da festa, sua fantasia a mais bela da noite, Ela me ronda, me espera, me envolve no seu perfume barato, a morte.


...

A gramática da vida.




Ou melhor. A gramática da sua vida. A gramática da vida é mais simples, mais sabia e mais eficiente do que a dos livros. No português da vida, toda frase que se preze tem sujeito e predicado. E, de preferência, sujeito composto.É que... "Eu vou a Roma" é uma boa frase. Mas... "Eu e você vamos a Roma" é muito melhor! Na vida, uma boa companhia é imprescindível. Na gramática do cotidiano, o pretérito tem que ser perfeito! 

O que aconteceu no passado ficou lá! Nada de começar os seus dias com "eu podia ter passado", "eu sabia a resposta", "eu me enganava na faculdade"... O tempo não volta. Aprenda com o que aconteceu. Olhe para frente. Na gramática da vida, o futuro só pode ser o futuro do presente. Frases do tipo "eu gostaria de ser juiz" devem ser riscadas do seu vocabulário. Substitua por "eu serei juiz". E você será. O que o português chama de "futuro do presente", a bíblia chama de "fé" e o Direito de "direito adquirido". Você tem o "direito adquirido" de ser quem você quiser. A liberdade foi conquistada há anos. Não seja escravo das suas próprias fraquezas. 

A gramática da vida traz vida para a gramática. Por quê? Porque há poder em nossas palavras. Sempre acontece aquilo que nós repetimos que vai acontecer... Então escolha bem suas repetições! Escreva suas metas no quarto, no caderno, na bolsa. Escreva na testa, no braço... Mas escreva principalmente no pulmão. Tem gente que respira o sonho. Seja um deles. A gramática da vida exige repetição. Você não aprende a conjugar todos os verbos em um dia. Você não fica forte em uma semana na academia. Você não vira juiz em um mês. Persista. Vencer demanda tempo. Concordo. Mas ser feliz não. A frase "eu sou feliz" deve vir no presente. Quem é apenas circunstancialmente feliz, na realidade, não é feliz. Só está alegre. É bem diferente. Alegria depende do momento, do acontecimento, do outro. É um sentimento que começa de fora para dentro. Felicidade é de dentro para fora. Por fim, na sua vida, conjugue o verbo no modo imperativo. 

Olhe para você mesmo e diga: Continue! Persista! Sorria!Afinal de contas, você é o que você acha que você é! Um dia cheio da gramática da vida para todos nós!”. Esta foi minha reflexão nesta semana. E me pergunto, todos os dias, quais as conjugações que tenho feito em minha vida... E penso no amor, e me confundo, me agrido mentalmente. Não tenho conseguido terminar minha concordância. E afirmo, no meu português incerto, que apenas o amo, e este amor tem de calado a boca, abafado minhas letras miúdas e frágeis. E sinto que não tenho razão, nem mesmo para ficar triste. 

Drummond dizia: a razão sem razão de me inclinar aflito sobre restos de restos, de onde nenhum alento vem refrescar a febre desse repensamento: sobre esse chão de ruínas imóveis, militar e na sua rigidez que o orvalho matutino já não banha ou conforta”.

Minha gramática realmente anda morga, meu amor numa calmaria absurda dentro de mim...

Arte de engolir sapos


Nas minhas deliciosas andanças em textos sobre a vida, relembrei um dom que todos nós temos, ao ler o texto de Rubem Alves, lembrei-me que temos esta arte e a fazemos todos os dias, muito bem, “engolir sapos”. “O Adão, meu amigo, professor de biologia, já encantado, amava os sapos. Dedicou sua vida a estudá-los. Estudava e admirava. Era capaz de identificá-los não só por sua aparência física como também pelo seu canto. Acho que o Adão achava os sapos bonitos. E é certo que eles têm uma beleza que lhes é peculiar. 

O filósofo Ludwig Feuerbach diria que para os sapos não existe nada mais belo que o sapo e, se entre eles houvesse teólogos, haveriam de dizer que Deus é um sapo. Cada forma de vida é o Bem Supremo para si mesma. Eu mesmo, sem ter a sensibilidade do Adão, escrevi um livro para crianças em que um dos heróis é o sapo Gregório. Mas desejo confessar que não acho os sapos bonitos. Bonita eu acho a sua cantoria durante a noite, a despeito da sua falta de imaginação e monotonia. Mas o que ela perde em riqueza estética é plenamente compensado pelo seu poder hipnótico, o que é bom para fazer dormir. Mas o fato é que nós, humanos, não consideramos os sapos como animais com que gostaríamos de conviver. Ter um cãozinho, um gato ou um coelho como bichinho de estimação, tudo bem. Mas se o menino quisesse ter um sapo como bichinho de estimação, os pais tratariam de leva-lo logo a um psicólogo para saber o que havia de errado com ele. Sapo é bicho de pesadelo. Quem sugere isso são as Escrituras Sagradas. Está relatado, no capítulo oitavo do livro de Êxodo que Deus, para dobrar a obstinação do faraó egípcio que não queria deixar que o povo de Israel se fosse, enviou-lhe uma série de pragas de horrores, uma delas sendo a dos sapos. 

Diz o texto que a praga era de rãs, mas não faz muita diferença. “Eis que castigarei com rãs todos os teus territórios, o rio produzirá rãs em abundância, que subirão e entrarão em tua casa, no teu quarto de dormir, e sobre o teu leito, e nas casas dos teus oficiais, e sobre o teu povo, e nos teus fornos e nas tuas amassadeiras. ” Já imaginaram o horror? A gente entra debaixo das cobertas e sente o frio das rãs que lá estão. Morde o pão e dentro dele está uma rã assada. Nas estórias infantis é a mesma coisa. A bruxa poderia ter transformado o príncipe numa girrafa, num tatu ou num gato. Escolheu transformá-lo no mais nojento, um sapo. E há aquela estória em que o sapo queria dormir na cama com a princesinha. Tão horrorizada ficou de ter de dormir com um sapo que ela, para evitar os beijos e seus desenvolvimentos inevitáveis, pegou-o pela perna e o jogou contra a parede. Esse ato teve efeito mágico pois que, ao cair no chão, o sapo transformou-se em príncipe. Já aconselhei pessoas a lançar contra a parede seus sapos e sapas conjugais, para ver se o contra-feitiço funciona também para os humanos. Parece que não. 

O horror do sapo parece também numa sugestiva expressão popular: “ter de engolir sapo”. Por que não “ter que engolir gato”, “ter de engolir borboleta”, “ter de engolir tico-tico”? Porque mais nojento que sapo não existe. Essa expressão traz o sapo para o campo das atividades alimentares. Engolir é comer. O ato de comer é presidido pelo paladar. O paladar é uma função discriminatória. Ele separa o saboroso do não saboroso. O saboroso é para ser engolido com prazer. O não saboroso, o corpo se recusa a comer. Cospe. “Ter engolido sapo”: ser forçado a colocar dentro do corpo aquilo que é nojento, repulsivo, viscoso, frio, mole. Não há forma de engolir sapo com prazer. Engolir um sapo é ser estuprado pela boca. Há um ditado inglês que diz: “If you are going to be raped, and there is nothing you can do about it, relax and enjoy it” : se você vai ser estuprado e você não pode fazer nada para impedi-lo, relaxe e trate de gozar o mais que puder. Esse ditado sugere a possibilidade de se sentir prazer em ser estuprado. Pode até ser. A psicanálise me ensinou a aceitar a possibilidade dos mais estranhos prazeres perversos. 

Mas não há relaxamento que faça do ato de engolir sapo uma experiência prazerosa. Por que engolir um sapo? Há pessoas que engolem sapos por medo. Bem que seria possível evitar a repulsiva refeição: o sapo é um sapinho. Mas elas preferem engolir o sapo a enfrentá-lo. Não têm coragem de pegá-lo e jogá-lo contra a parede. Pessoas que fizeram do ato de engolir sapos um hábito acabam por ficar parecidas com eles: andam aos pulos, sempre rente ao chão e coaxam monotonamente. Mas há situações em que é inevitável engolir o sapo. Eu mesmo já engoli muitos sapos e disto não me envergonho. O meu desejo, com esta crônica, é dar uma contribuição ao saber psicanalítico, que até agora fez silêncio sobre o assunto. Muitos dos sintomas neuróticos que afligem as pessoas resultam de sapos engolidos e não digeridos. Tudo começa com um encontro: à minha frente um sapo enorme, ameaçador, com boca grande. A prudência me diz que é melhor engolir o sapo a ser engolido por ele. É melhor ter um sapo dentro do estômago(sapos engolidos nunca vão além do estômago) do que estar no estômago do sapo. 

Aí, impotente e sem ações, deixo que ele entre na minha boca, aquela massa mole nojenta. É muito ruim. O estômago protesta, ameaça vomitar. Explico-lhe as razões. Ele cessa os seus protestos, resignado ao inevitável. Não consigo mastigar o sapo. Seria muito pior. Engulo. Ele escorrega e cai no estômago. Alimentos não digeríveis são eliminados pelo aparelho digestivo de duas formas: ou são expelidos pelo vômito ou são expelidos pela diarréia. Os sapos são uma exceção. Não são digeridos mas não são nem expelidos pelas vias superiores e nem pelas vias inferiores. Os sapos se alojam no estômago. Transformam-no em morada. Ficam lá dentro. Por vezes hibernam. Mas logo acordam e começam a mexer. Ninguém engole sapo de livre vontade. Engole porque não tem outro jeito. Tem sempre alguém que nos obriga a engolir o sapo, à força. A pessoa que nos obriga a engolir o sapo, a gente nunca mais esquece. 

Diz a Adélia que “aquilo que a memória amou fica eterno”. Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão. Conversa de jagunços matadores. Diz um: “Mato mas nunca fico com raiva”. Retruca o outro, espantado: “Mas como?” Explica o primeiro: “Quem fica com raiva leva o outro para a cama.” É isso. A gente leva, para a cama, a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo. A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica esperando o dia em que ela também terá de engolir um sapo. 

Ou como dizia uma propaganda antiga de loteria, a gente reza: “O seu dia chegará...” (O amor que acende a lua, pg. 105.) Nós, meros seres, me pergunto constantemente, até quando carregaremos “sapos” dentro de nós?!


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