
Entre os lençóis macios do tempo
o amor se esconde da noite,
pensa na morte, que pode puni-lo.
Mas os lábios se beijam,
ali, carinhosamente juntos.
A deusa sorri, rimando o momento,
movimentos, versos.
O medo tira do corpo suado o desamor,
feito sapatilha da dançarina noviça.
Rebele a pele,
arrepie o pudor.
Entre os lençóis,
torna-te bela como a lua clara no céu,
no véu que o dia esconde.
As paredes do quarto testemunham,
o choro farto, o tédio muito da melancolia.
A morte sussurra um adeus,
o medo adormece naquele quarto,
entre os lençóis macios...
Um comentário:
A fragilidade em que se veste o amor torna cada verso cheio de sofridas apreensões. O ato, em si, talvez seja o alento ou, no pior dos casos, a tentativa de que essa morte não chegue tão cedo, quem sabe, possa ela se afastar, de vez, de quem persiste na velha esperança de resolver, com os corpos suados e bocas ávidas, o desgaste que o tempo impõe aos mortais.
Abraço,s
Raí
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