Dos meus muitos
passeios por este mundo de Deus, um lugar me chamou a atenção, Lagoa Santa. Conheci
este lugar em Belo Horizonte-Minas Gerais e o poder de sua água curadora. Isto
mesmo, a origem da cidade está ligada às propriedades das águas ali
encontradas. Segundo crenças locais, a lagoa que dá nome ao local possui
minerais com propriedades curativas, daí a associação ao nome do município. Muitos
foram os visitantes que procuravam a Lagoa Santa para melhorar a saúde
banhando-se na lagoa. Foi fundada em 1733 por Felipe Rodrigues,
tropeiro viajante que se estabeleceu no local. Era chamada de Lagoa Grande e
Lagoa das Congonhas do Sabarabuçu.
Foi Felipe Rodrigues, tropeiro viajante,
quem primeiro sentiu o efeito benéfico destas águas. Ao lavar os eczemas de sua
perna, sentiu-se aliviado de suas dores e obteve a cicatrização de suas
feridas. A notícia da cura milagrosa logo se espalhou pelos arredores e o
pequeno arraial passou a receber peregrinos em busca da cura para seus males. A
perenidade da lagoa é atestada pelos relatos dos naturalistas viajantes, desde
o século XVII. Sua profundidade não ultrapassa três metros, sendo que, a
aproximadamente 40 metros de sua base, encontra-se um aquífero que contribui
para a sua existência. E também, em grande parte, alimentada por águas
pluviais.
Seu formato é triangular e, no período das cheias, seu vertedouro
lança suas águas no Rio das Velhas através do Córrego do Bebedouro. E o que tem
Peter Wilhelm Lund com a Lagoa? O cientista dinamarquês Peter Wilhelm Lund
(1801à1880) é considerado o pai da paleontologia brasileira, o ramo da ciência
que estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, a
partir dos seus fósseis. De acordo com a revista Ciência Hoje, da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência, em artigo de Raquel Aguiar, o
pesquisador descobriu mais de 12 mil peças fósseis em cavernas da região de
Lagoa Santa (MG), que permitiram escrever a história do período pleistocênico
brasileiro, o mais recente na escala geológica. Entre as descobertas de Lund,
figura o denominado Homem de Lagoa Santa, que revelou a presença humana no
local há mais de 10 mil anos. Contam-se também exemplares do
tigre-dente-de-sabre, da preguiça gigante e do tatu gigante, entre outras
espécies. Lund também é reconhecido como o pai da espeleogia no Brasil, o
estudo da formação de grutas e cavernas. Explorou mais de 800 delas, algumas
das quais foi o primeiro a localizar e a entrar. No campo da arqueologia,
relatou a descoberta de importantes pinturas rupestres (feitas na rocha) e
instrumentos de pedra.
Acho que foi também um verdadeiro poeta... "Nunca
meus olhos viram nada de mais belo e magnífico nos domínios da natureza e da
arte", resumiu o cientista. Ele se referia aos efeitos cênicos provocados
pelas estalactites e estalagmites. "Todos estes deslumbrantes primores da
natureza são realçados pelos mais delicados ornatos tanto de formas fantásticas
quanto de bom gosto, franjas, grinaldas e uma infinidade de outros
enfeites", Lund escreveu. Em 1843, Lund descobriu ossos humanos de cerca
de 30 indivíduos, misturados a fósseis de animais. Do ponto de vista
antropomórfico (referente à forma humana), os fósseis descobertos eram bastante
distantes dos indígenas americanos e próximos dos negróides.
Suas
características físicas eram homogêneas, o que indica seu isolamento genético
(aqueles indivíduos não teriam se misturado com outros grupos). Essa identidade
configurou o perfil daquele que ficou conhecido como o Homem de Lagoa Santa. As
ossadas mais antigas foram datadas entre 11 mil e 8.000 anos.
Bom conhecer histórias
e pessoas interessantes que fizeram parte dela, não acham?!
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