O infinito me recebeu
de braços abertos.
Este infinito que tanto sonhei, de alguma forma almejei, na
minha vida inteira. Uma flexão que mesmo sem rimas, não planejei como seria,
determinei que fosse apenas me atirar, sem remorso. E tanto tempo se passou.
Tive muitas dúvidas. Eu não estava ainda
pronta para cair, apenas me derrubei, sem querer. Meu corpo era fraco, delicado
demais para se jogar, creio que simplesmente desisti de ser tão frágil e catar
cacos seria mais reconfortante.
E caindo, desajeitada e um tanto medrosa, fui
recitando poesias mentalmente. E quando meu corpo virava, sentia mais forte um
vento quente nas costas, aí abria meus olhos e contava as estrelas no céu. O
céu estava lindo naquele momento. Seria o inferno ali? Daquele modo tão
brilhante e bonito? Eu lembrava das palavras bíblicas. Todas. Não poderia ser
meu castigo! Estou somente apreciando este infinito que me ronda. E seu abraço
é um acalanto. Feito um Santo que me conforta, e me sinto vestida assim.
E embora
sinta que o fogo me queima, um fogo sinistro e forte, em tons alaranjados e
azuis. Um fogo que arde em mim enquanto caio. E caindo vou me desfazendo...
Feito cócegas na barriga, fogos de artifícios em noites de São João. Talvez o
veneno que tomei esteja fazendo efeito, embora misturado com doses de amor.
Este infinito que me habita. Ó doce momento das minhas madrugadas. Ó Senhor dos
meus pesadelos mais secreto e estranhos. Estou realmente caindo, ou
simplesmente sonhando outra vez? Este infinito que me beija, que se delicia de
mim, e sinto-o feito pêssego em minha pele quente.
O seu laço é apertado em
minha garganta e dói e mesmo assim, me torno sua Deusa. Com poderes e forças
embora finitas, me torno de alguma maneira forte e abstrata. Já não sou mais daqui,
mesmo lentamente caindo em um infinito... Feito um enroscar em lençóis macios.
E mesmo com minha armadura contra a sofreguidão, sinto meu lado mais escuro
melhor, e que ganhara minhas lágrimas de prazer.
Do meu sofrer. E por que sofro
tanto com este cafajeste que me tomas as noites mais tranquilas? Este cavaleiro
sem elmo e sem uma capa vermelha, muito menos um cavalo branco! Ó guerreiro sem
escudo e honra, por que fazes isto comigo? Já tem o meu coração partido, o que
mais queres de mim? Se tú es meu infinito, este doce tormento que habita em
mim!
Não deveria ter tirado a tampa deste poço maldito.
A maldição da
alucinação se apossa de mim.
Sim, o infinito em mim sorri, enquanto vou
morrendo de amor.
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