Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Ciúmes



Não é difícil encontrarmos pessoas que estão num relacionamento que não as satisfaz em vários níveis. Sejam relações amorosas, de amizade ou familiares, um número razoável de pessoas se encontra num relacionamento ou num modelo de relacionamento, que já se esgotou.  Relacionamentos que lhes fazem mal sufocam, inibem, não promovem troca ou crescimento. 

E apesar desta consciência não conseguem se ver sem ele. Esta dependência é mais comum do que se imagina e acontece entre mães/pais e filhos, entre casais e até entre amigos. A dependência emocional é a percepção que o indivíduo tem de não conseguir lidar consigo e com a vida de forma adequada sem a presença ou o auxílio de outra pessoa. Como se sente à mercê dos cuidados de alguém, que geralmente é uma pessoa próxima, familiar, cônjuge, namorado, etc, se submete a decisões, atitudes ou até abusos e humilhações  pelo medo de romper o vínculo com quem consegue fazê-lo "funcionar" adequadamente como indivíduo. São pessoas que não tomam decisões facilmente, mesmo as decisões mais simples, sem se assegurarem de conselhos e aprovação.  Não agem com independência e podem não se tornar competentes ou ter sucesso em suas atividades, pelo medo que têm da pessoa da qual dependem perceber que podem atuar sozinhos no mundo, rompendo assim o vínculo que existe. Por exemplo, o ciúme.

O ciúme é sentimento doloroso ou ainda as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada. A suspeita ou a certeza de sua infidelidade faz nascer em alguém; sentimento de posse acompanhado de um desejo intenso de não dividir com ninguém o objeto do seu interesse; receio de perder alguma coisa; inveja, cuidado, zelo e pode transformar-se em uma obsessão, até mesmo uma paranoia. Algumas teorias consideram que os casos mais graves podem ser curados através da psicoterapia. 

Outros casos mais leves podem ser tratados através da ajuda do parceiro, estabelecendo-se um diálogo franco e aberto de encontro, com a reflexão sobre o que sentem um pelo outro e sobre tudo o que possa levar a uma melhoria da relação, para que esse aspecto não se torne limitador e perturbador. O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, universal, podendo ser difícil á distinção entre ciúme normal e patológico.  

Seria então o ciúme, um conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de ameaça a estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado. Ciúme é uma reação complexa porque envolve um largo conjunto de emoções, pensamentos, reações físicas e comportamentos: Emoções - dor, raiva, tristeza, inveja,medo, depressão e humilhação; Pensamentos - ressentimento, culpa, comparação com o rival, preocupação com a imagem, autocomiseração; Reações físicas - taquicardia, falta de ar, excesso de salivação ou boca seca, sudorese, aperto no peito, dores físicas. Comportamentos - questionamento constante e busca frenética de confirmações e ações agressivas, mesmo violentas. 

O ciúme, em princípio, é um sentimento tão natural ao ser humano como o tédio. Nós sempre vivenciamos este sentimento em algum momento da vida. Como todo sentimento, tem seu lado positivo e seu lado negativo. A pessoa ciumenta apresenta na sua personalidade um traço marcante de timidez e sentimentos de insegurança, problemas que costumam ter raízes na infância. Ciúmes simples, patológico, em cães, entre irmãos e até na literatura. A intensidade dramática do ciúme faz dele um tema atraente para escritores. 

Alguns souberam tratá-lo com maestria e produziram obras primas, como exemplo clássico de Otelo, de William Shakespeare, Dom Casmurro, Machado de Assis e tantos outros. Procurar ajuda é essencial, livros, simpatias, psicólogos...Eis uma bela frase de Ultraje a Rigor “Ser mais seguro e não ser tão impulsivo”.

Johnny And João - Apresentação no Old Home em Atibaia-SP em 2017


Ela & Eu



É ela que me torna menina, tão travessa e muitas vezes imensamente cruel. E ela me revela como as flores amarelas que caem no outono e nas noites frias parece me beijar a nuca. E mesmo sendo sufocante em muitos dias quentes do verão, ela me torna meiga e me torna incrivelmente branda e maléfica em tempestades passageiras. 

E mesmo ela sendo tão boa comigo, sinto que a prendo em meu calabouço de mentiras, meu delicioso calabouço e suas paredes úmidas, dando-lhe um tom mais grotesco e pavoroso. E meu desejo é tê-la em minha mente eternamente, tê-la por dentro de mim, me consumindo e me fazendo lembrar do amor. 

Ah amor! Perdoe se eu te esqueço, se eu te tenho tão perdido dentro de mim, estou desorganizada e atraída por um outro lado, um caminho que seu que não me pertence. Sou tola bem sei, como se tivesse morrendo algo dentro de mim, feito algas que se agarram nas rochas da praia. E aos poucos sei que consigo me entender, me achar ou me perder de algum modo, de algum jeito torto. E mesmo torta nesta solidão que me aflige, esta solidão desmedida e ordinária, sou feliz. Feliz! Porque meu coração é acorrentado por ela, vagarosamente pulsa meu pulso cansado... E ouço um chocalho sinistro em minhas madrugadas frias. 

E continuo sendo uma menina doce, mesmo com este nó que me dói a garganta. Porque Ela é meu poço raso, meu trilhar mais curto e minha cachaça mais pura. Ela estranhamente me embala em seus braços cintilados e me nina com suas canções de letras em outro linguajar. E ela nasce todas as manhãs junto comigo, me acalentando... Ela tão obscena e eu tão virgem. 

Virgem feito papel que rabisco todos os dias. Ela é meu mundo, e giramos freneticamente por aí, redescobrindo coloridos diversos mundo afora. Mesmo sangrando, mesmo chorando, mesmo nos escondendo da morte, mesmo tentando voar sem asas e falar sem língua. Somos o que somos e nada muda isto. Ela está em mim, e sinto que aos poucos sou mais Ela que eu mesma.

 Ela me mostra o que realmente é o amor, e assim consigo dormir, pouco tempo... E tento sorrir pra guerra que estoura lá fora. E é cortante as farpas que circulam no paraíso. 

Bebo insônia e canto versos de amor... Ela me ensina amar e amando vou me tornando cada vez mais Ela. 

Ela, a POESIA que me domina.
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