Nas janelas grandes grades de ferro, muito pouco dá para se ver o sol da manhã, gritos ecoando no final do corredor...
Tire-me daqui! Tire-me daqui!
Lembrar é o pesadelo de todo o dia...
De quem?
Como?
Por quê?
O sangue escorre pela narina, marcas roxas pelo corpo...
Sei que em alguns instantes tomarei comprimido, para lembrar quem sou?
Aqui não se pode ler ou escrever, tomar banho de sol ou passear no jardim, não temos visitas ou presentes, somente noites frias, chão gelado, uma escuridão no quarto pequeno somente.
Dá vontade de rabiscar as paredes com o próprio sangue, gritar a palavra “covarde”, para alguém ouvir fora dali, dá vontade de se trans formar em pó, se juntar com a água e escoar pelo ralo afora...
As janelas entorpecem, as grades emudecem, intimidam...
A comida não é grande coisa...
Tire-me daqui!
Esses gritos atordoantes, este cheiro de vazio, de covardia, estes ecos, estes ecos...
Somente ecos, me agridem.
Não sabemos se no céu tem muitas estrelas ou se o sol na manhã é muito frio, não dá para saber quanto tempo se passou ou se o tempo realmente passa...
Conhecemos baratas e ratos e estas mulheres de trajes branco que caminham sempre pelo corredor, notamos os cochichos dos guardas e os sorridos medíocres quando lêem gibis...
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