Preciso de um tempo ou
o resto da vida para emprestar meu fingir
ao meu pensamento,
amando e não esquecendo,
chorando e sentindo saudade,
dizendo até já e não pensar no adeus...
Empresto lágrimas e palavras,
noites mal dormidas,
punhado e destroço de versos.
Temo meu pensamento aconchegar-se
em alguém anônimo e indiscreto,
intruso e deprimido,
numa aventura louca sob um comando
invisível,
ir no fundo como uma música gospel e
vê uma deusa sangrando...
Palpite do medo, nenhum pensamento
seria tão descalço,
preciso de um pouco mais de tempo,
para rabiscar pavor na minha sombra fardada.
Meu corpo desnudo jogado na poça,
indo à falência,
sinto a chuva caindo lentamente,
tento acordar e não consigo,
tento levantar e não sou forte,
não posso com o meu pensamento, prefiro desistir,
não preciso de tempo algum, nem fingir,
fecho meus olhos
e sei que agora Deus não dorme.
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