Sulcos, idéias mortas...
Não sou poeta das melhores palavras
ou de um nome de sucesso,
apenas tenho insônia,
como qualquer insano deste tempo,
tenho argumentos, minhas palavras...
Não sou viajante e de eras modernas,
nem conheci tempos rústicos,
muito menos dialoguei com estranhos.
Um disfarce irônico meu, é vestir uma bata negra...
Sou participante desta cretina pátria e
como migalhas quando deixam cair,
não me sento na mesa dos intelectuais,
sou apenas uma amiga distante.
Lavo a alma todo dia pela manhã,
sou discreta e intrusa, à noite choro,
igual criança com medo do bicho papão,
tenho fome, tenho sede.
Laço colorido envolve meu pescoço,
não sei se sou daqui e se um dia voltarei,
a morte me sonda faz tempo, por isto
troco a máscara todos os dias,
perambulo feito zumbi e falo como um
político novato.
Assim, fui jogada no tempo maduro,
sou criança, apenas uma criança.
5 comentários:
Bela "autopseudobiografia". Fiz um poema com esse nome uma vez, procura...
Descrever-se poeticamente é um otimo exercício. E o bom é que nem sempre somos nós de verdade, esse é o lado bom do eu-lírico.
Quero estar perto de você para vê-la crescer. Gosto desse tom confessional, mesmo sabendo o tanto de ficção que acompanha nossas verdades e o tanto de verdade que vem dentro de nossas ficções. Um abraço. Rona.
Sulla:
Excelente! Estilo inconfundível.
Parabéns!
É sempre um prazer passar por aqui.
Abraço e ótimo final de semana.
Sulla,
um retrato pintado em pinceladas poéticas onde o tempo se transforma em períodos e nos traz marcas de suas andanças. Vestir-se de preto simboliza o curso superior ou a vergonha de viver num país cheio de contraste; viver a alegria de amar, ao mesmo tempo em que pensa na passagem para a eternidade é sentir-se plena com as lembranças e desejar apenas viver o seu primeiro momento. Ser menina e mulher, ao mesmo tempo, é situar-se entre a realidade e o sonho que a poeta, vez por outra, habita o coração e a mente de quem luta, bravamente, pelo seu dia-a-dia. Adorei, Sulla!
Abraço,s
Raí
É quase tudo ter consciência do que é?
Para mim você é muito mais do que conhece ser.
É DEMAIS.
Mario Rezende
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