Querido Deus,
Ainda bem que tens um
tempinho para mim, sei que sempre me surpreende me cedendo grandiosos minutos, para
ler estas letras tortas e mal colocadas neste pequeno papel. Realmente magicar
não é meu dom, mexer com fórmulas secretas, letras e números para serem
compostos na medida correta, não consigo manusear tais poções.
O mundo está do
avesso, por aqui nada muda ou se renova, está tudo na mesma mesmice. Estamos em
ano de eleição e todos os nossos candidatos estão com a mesma ladainha. Prometo
isto e aquilo, farei isto e aquilo... Tem uma observação importante nisto tudo,
eles estão mal educados... Os carros de som estão mais altos, os panfletos são
muitos rolando por aí sujando a cidadde, espalhados no chão, amassados nas caixas
de correios das residências... Pior não é isto, é ver tal candidato negando um
prato de comida ao menino carente na rua e ao dobrar a esquina, adentra no
melhor restaurante da cidade, almoça um prato de valor mínimo de cinquenta e
sete reais, fora a sobremesa e o cafezinho que são pagos a parte. Deus... Isto
está correto?
Sei meu amado Pai, que quando pensou no ser humano, não foi este que
o moldou mentalmente primeiro, e depois de lançados aqui, sei que não era para
serem assim, deste jeito medíocre. Eles são bons, de alma boa e transparente.
Sou assim também? Faço parte diste sem querer? Sinto que nem sou humana
direito, que não sou daqui, mais esta será outra conversa.
Mas eles precisam de
um castigo, creio eu. Estão fazendo tudo errado, esquecendo da compaixão,
esquecendo que pulsa um coração por dentro desta caixa espetaculosa e mágica,
que o Senhor deu o nome de corpo. Acho
que o Senhor deu “poder” demais. Eles confundem “poder” com poder, e o dom que
nos cedeu foi na medida errada, por ser bom demais, nos deu a mais.
Tudo que
somos e tudo que temos. Será por isto as coisas agora estão tomando rumos
diferentes? Estamos em guerra sem tempo certo para terminar. Estamos com menos
verdes, menos águas, menos capacidade de entender, menos dinheiro... Não entendemos
o que está tentando nos dizer, nos ensinar. Sei que o povo é infiel ao Senhor,
que o povo se vende por uma camisa, uma cesta básica, uma armação de óculos ou
um concreto novo na parede da frente da casa, afinal está chegando o Natal e o
povo gosta da casa bonita nesta data, meramente para receberem seus familiares
e obterem toda aquela comilança, é por isto sim, eles se esquecem do verdadeiro
significado. Mais hoje querido Deus, além de agradecer por me ceder um tempinho
na sua agenda do tempo, venho humildemente lhe pedir outra coisa também, de
novo.
Eu agradeço por sempre me conceder mais um dia, e sei que a cada dia me
dar, eu posso me renovar. Mais hoje eu gostaria de pedir em nome do povo, por
toda esta gente aí fora, apenas “chance”, nos dê mais chance? Acredito que com
esta palavra, não precisarei me esconder no laboratório dos meus sonhos para
misturar fórmulas na pipeta ou mexer com balões volumétricos...
A chance, esta
palavrinha tão mágica, pode ser o passaporte dos seres que andam por aqui,
feitos zumbis retirantes ou míseros cadáveres que açoitam e que bebem sangue...
Virarem realmente “humanos”.
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