Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

“Uma voz feminina no mundo do folheto” - Parte I...Por Sulla Mino


Descrevo com letras tremidas de alegria minha leitura no livro “Uma voz feminina no mundo do folheto” da autora Maristela Barbosa de Mendonça. O livro traz a saga dos Nunes Batista - desde 1850, uma família de cantadores e poetas populares, uma família a qual faço parte hoje, jogada sem querer e confesso que adorei, sou casada com Henrique Batista Pimentel, neto de Maria das Neves Batista Pimentel. E venho relatar a importância da mulher desde tempos remotos. Maria das Neves, poetisa popular, publicou seu primeiro folheto em 1935, sob o pseudônimo de Altino Alagoano, seu esposo. Preferiu usar o nome do marido para poder vender os folhetos, na época as mulheres assim o faziam, se escondiam, usavam máscaras.
Algumas biografias desta ilustre poetisa: O Corcunda de Notre Dame, As Mocinhas de Hoje, O Violino do Diabo...
A pesquisa neste livro privilegia a obra e relatos de vida de Maria das Neves. Os depoimentos desnudam a história da família, cujo berço é a Serra do Teixeira e seus relatos redimensionam a história da literatura oral, ao nível da cantoria e aos cantadores da família como Nicodemos, Nicandro e Ugolino Nunes Batista e ao nível da poesia popular de seu pai, o poeta popular Francisco das Chagas Batista.
O livro que descrevo procura conjugar a dimensão da memória e obra, relatos de vida e análise textual, tenta estabelecer a influência da mulher em três competências: mulher autora de folheto, personagem de uma comunidade poética e testemunha da história da literatura oral. Relata peleja entre Inácio da Catingueira e Romano de Mãe D’água.
Na “Antologia da Literatura de Cordel” pelo pesquisador Sebastião Nunes Batista (tio avó do meu esposo), que inclusive tenho o exemplar autografado pelo próprio e oferecido a sua irmã Maria das Neves no dia 11 de julho de 1977, eu apenas com dois dias de nascida, claro que é emprestado, aprendemos a importância do Cordel, origens, grandes nomes desta belíssima literatura, capas de folhetos ilustradas por Tipografia, traz cordéis e pelejas de grandes autores, fascinante demais, nem tenho tantas palavras para descrever o que li. Quem sabe eu não aprenda fazer uma sextilha pelo menos?
Maria das Neves trabalhava na Popular Editora com o pai, usavam os moldes de folhetos em sua forma 12cmx16cm, os mais antigos. Francisco das Chagas acompanhou seu parente Antônio Silvino e produziu vários folhetos que contavam a trajetória no cangaço. Muitos folhetos eram distribuídos em Macau-RN. São tantas passagens interessantes e fascinantes aos nossos olhos.


Continua ...

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