Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Saudade



Sinto como um sopro forte na nuca. É uma saudade infinita, e sinto tão aflita e cortante aqui dentro de mim. Feito um sopro tão forte e atordoante. Sinto! E este sentir eterno dói, dói-me na alma. Sinto esta dor sinistra por dentro. Talha-me e retalha. 

É a saudade tão danada em mim. Do amor em que estou não gozo a poesia, isto me aflita! Fico a supor muito mais que este amor, e seria ele tão verdadeiro assim? E o que será da donzela tão bela que habita em mim? Viver sem rascunhos, sem eiras e versos... Sinto esta sensação absurda no meu peito, que me aperta e que retém meus sorrisos tolos do mês. Pobre estou sem letras tortas e palavreado miúdo. Agonia constante de mim, em mim... E o que sinto assim me faz bem? Pior seria nada sentir?  Estou fardada desta agonia mimada em querer não sentir tantas coisas assim. Mais a saudade fala mais alto, feito grito agudo ao pé do ouvido. 

Ó outrora não desejei tanto assim. Ó Deusa das minhas aflições... Tira-me deste calabouço de ideias perdidas, tira-me um pouco destas tentações nas entranhas. Ai de mim sem orações! Ai de mim sem amém. Ai que estou em fadigas muitas. A saudade que mais aperta aqui, em algum lugar aqui dentro eu ainda não detalhei. Será dos palcos mundanos, ou apenas de cidade de onde vim? Seria esta saudade louca da roupa que perdi, ou do calçado que furou? 

A saudade que incomoda seria da estrela que nunca mais vi, ou do relógio que se quebrou... O café também tem minha saudade na boca, daquele beijo que me foi roubado na juventude, do sonho recheado de chocolate, sinto saudade também. E lembrar do samba no pé e do sol fraco em dia de domingo me deixa em saudade tranquila, feito um balançar lento dos girassóis na varanda. E como já dizia Vinícius ¨Chega de saudade. A realidade é que sem ela, não há paz não há beleza, é só tristeza e a melancolia. Que não sai de mim. Não sai de mim. Não sai¨. 

E no meio das minhas tantas lembranças e belezas, esta saudade me faz assim tão bem. Esta melancolia tão boba, mesmo assim me conquista dias e noites. Sou dela e ela está desde sempre em mim. Serei feliz com ela até meu fim? Ó saudade que me acorrenta em tuas delícias, e me afaga em teus flashes malditos.  Não sai de mim. É apenas uma imensa saudade que sinto de um amor , partindo...

EU interior...


Quando li o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec, comecei a entender muitas coisas acontecidas em minha vida. 

"Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza". Esta frase me fortaleceu de uma maneira incrível, ter coragem, mais coragem era o segredo para me manter em pé. Serei perdoada se eu conseguir me superar, fazer o bem, a caridade e ter sentimentos puros no coração, ao invés de mágoas e ira. Nada é por acaso ou coincidência, as coisas vão acontecendo conforme vamos plantando e eu desejo tanto ter uma boa colheita que comecei a perdoar a mim mesma e depois as outras pessoas, as coisas que estavam ocorrendo em minha vida. Aprendi a agradecer ao invés de pedir, Deus tem uma lista enorme, sem necessidade, Ele já nos dá mais do que realmente merecemos e com certeza o que carregamos não é mais pesado do que a cruz que Jesus carregou um trecho na sua história. 

O espiritismo soa em mim como verdadeiros versos! Frequentei muitos lugares no intuito de me encontrar com o Criador, me aborreci, me confundi. Levei um tempo para acreditar, mas Deus sempre esteve ao meu lado, eu que não acreditava nisto. O texto “Pegadas na Areia” conforta momentos de dúvidas. " Senhor, Tu disseste que, uma vez que eu resolvi seguir-te, Tu andarias sempre comigo. Durante a minha caminhada , notei que nos momentos mais difíceis da minha vida havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas que mais  necessitava de Ti, Tu me deixastes. 

O Senhor respondeu me: - Meu Irmão. Eu Amo-te e jamais te deixaria nas horas da tua prova e do teu sofrimento. Quando vistes na areia, apenas um par de pegadas, foi exatamente aí que EU, te carreguei nos braços..." Teve momentos que eu quis desistir, queria me entregar, morrer logo de uma vez e acabar com todo o meu sofrimento, se eu tivesse conseguido ia ser pior pra mim mesma. Acredito que voltarei, acredito que já vim muitas vezes e farei quantas viagens forem necessárias para alcançar algum êxito, quero um dia poder espiritualmente me elevar. Será que realmente eu tenha escolhido tudo isto? De toda esta maneira cruel? O tempo se encarregará de me responder muitas perguntas, até lá estou tentando ser eu apenas. Realmente não é fácil crescer por dentro. 

É uma busca constante do nosso EU interior, dos nossos íntimos sentimentos, desejos aflitos... E o melhor mesmo nesta vida, é ser maior, pequena já não poderei ser... É trilhar nosso próprio caminho, com pegadas firmes e pés descansados. “É ser mais que uma simples razão”.


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