Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Mitologia por Sol Firmino--> Monte Olimpo, morada dos deuses



As divindades gregas foram organizadas em famílias divinas, que apresentavam igualmente os defeitos e virtudes das famílias humanas. As genealogias das famílias divinas também explicam a criação do Universo, na cosmogonia, e a origens dos deuses, na teogonia.

Os deuses primordiais, ou deuses da primeira geração, eram entidades que geraram o mundo. Nessa primeira fase do Cosmo, Urano Gaia deram origem a uma numerosa descendência: Titãs, Titânidas, Ciclopes, Hecatonquiros e outros representados como primitivas forças da natureza, como os relâmpagos, e representavam também os impulsos básicos da vida, como a morte.

Na segunda geração divina, Urano foi destronado e os Titãs tomaram o governo do mundo sob o comando de Crono, o Tempo. Essa geração era descendente das forças primordiais e ainda transmitia uma visão indomada da natureza. Ao lado de divindades monstruosas e incontroláveis surgiram os primeiros deuses de aparência parecida com a humana.

(...)


Solange Firmino


Texto completo na coluna Mito em Contexto, em Blocos online.
Imagem: Monte Olimpo, Tessália. Janice Siegel.

Poesia --> Goles de Lembranças





Bebo mais um gole de vinho,
revivo lembranças,
feito faíscas 
em minha face.
Saudade...
Lembretes diversos,
embaçados, 
embaralhados.
Estou bêbada?
Não...
Apenas esquecendo
devagar o passado.
Em breves goles 
de bebida amarga.

Contos que conto --> Astúcio Altanan




Ele estava mais uma vez após o horário comercial em seu escritório no Edifício Touclum, aquele prédio grande no final da rua principal do centro da cidade, os clientes japoneses não esperariam mais uns dias, tinha de reaver o contrato, estipular as cláusulas, modificar itens, uma estafa normal na vida de um grande homem, de um executivo exemplar.
Desconfiava da mulher. Não era um sentimento comum, ela andava estranha a semana inteira, não atendia aos telefonemas que ele prestava a cada hora do dia, isso o incomodava demais. O amor é mesmo assim, covarde e desconfiado e para ele, o medo era maior que tudo e perder a esposa não estava em seus planos, não naquela semana. 
Astúcio era somente mais um em um milhão de homens comuns no mundo, mais um que não se importava muito com o que a esposa fazia no decorrer do dia ou do mês, mais esta semana era especial, ele sabia disto. Em meio aos relatórios e papéis carimbados de banco, ele se incomodou com extratos de cartões de créditos, eram dela e a lista era intensa, de lugares estranhos, os horários em que não atendia aos telefonemas dele estavam tachados na conta telefônica, a ira já subia a cabeça e a obsessão começou daí. 
Em meio as suas anotações de trabalho ele começara uma maneira de flagrá-la, de surpreendê-la em um destes horários duvidosos. Planejou. E assim os dias se seguiam como de costume. Quase fechando um grande negócio, Astúcio também encaixou em sua agenda seu momento de bancar o detetive. 
E assim seguiu seu plano. Câmera na mão, lápis e papel para anotações essenciais. Um dia pela manhã a esposa entra no salão para ajeitar o cabelo, à tardinha café com amigas e final de um dia entrada na doceria da esquina de casa... 
O que teria de tão desconfortante? Sua esposa continuava silenciosa, um tanto misteriosa. Os dias passavam frenéticos. E nada ele conseguia para abafar sua desconfiança. Chegara o grande dia de Astúcio. Todos os executivos na sala de reunião, planilhas e cálculos revisados, planta modificada e orçamentos alterados, muitos dúvidas e perguntas a mesa... Pedidos de explicações e argumentos inexplicáveis. Intervalo secreto para tentar falar com a mulher afinal estava nervoso, expectativa grande no aguardo de respostas. 
E apenas o som miúdo da caixa postal do celular da esposa... Incômodo, agonia. Um complemento importante na vida deste executivo, hoje é seu grande dia, e ansiosamente aguardava palavras elegantes e afáveis. Hoje Astúcio estava completando seus incríveis 46 anos! E nem um beijo doce recebera da esposa pela manhã, ou uma caixinha de presente. Filhos na faculdade, a mãe tinha viajado para a casa de sua irmã em Alfismar e a esposa zanzando por aí, fazendo sei lá o que. Não devia ter saído da cama hoje, era o pensamento dele. 
Os japoneses pediram até o fim do dia para uma resposta concreta, para determinar se o projeto seria aceito ou não. Bom, Altanan tem o dia de folga, e poder contemplar seu dia limpo e claro, e na verdade colocar em prática seu momento de detetive e poder surpreender sua esposa em algum instante inexplicável. Roda aqui e ali, lá e acolá e nada. Telefone com uma breve mensagem anunciando para o dia seguinte o andamento da reunião. E Olívia? E filhos e mãe? Amigos, algum? Astúcio perde a esperança de felicidade. Afrouxa a gravada que lhe aperta o pescoço. 
Gira seu motor para casa, para seu refúgio de solidão e desespero. Esquecido pela esposa, um grande homem abandonado pela família num dia tão memorável, nem um chopp com a galera do trabalho teria hoje, estava muito tenso pra isso. 
Uma volta na chave da porta de casa, passos pequenos até o interruptor. 
De repente...Tcham Ram! 
Executivos, chefe do trabalho, amigos, vizinhos, mãe, filhos e a galera do chopp...Surpresa! 
Feliz Aniversário!

Lançamento do Livro 20/10/12 --> Enclausurado na Nobel em Atibaia-SP








São Francisco de Assis_Parte 1




Pessoas são devotas a algum tipo de Santo. Por escolha própria, um pedido e até mesmo uma promessa. Acho que não devemos nos agarrar, de forma absurda, ilustrar estatuetas de barro. Mas, convenhamos que existiram pessoas incrivelmente admiráveis nesta vida, que fizeram diferença, e que até mesmo modificaram o rumo das coisas.

Grandes guerreiros e sábios. Achei interessante saber tais fatos da vida do franciscano “Francesco”. Há muito que eu gostaria de conhecer mais sobre este Santo, já que ele é o protetor dos Lobinhos, é ensinado sobre ele no Escotismo, toda criança deve conhecer a sua história.

Vamos começar assim: Você conhece a história do Lobo de Gubbio? Ou é somente uma lenda Italiana? “Quando São Francisco morava na cidade de Gubbio, apareceu na comarca um grande lobo, terrível e feroz, não só devorava os animais, mas também atacava os homens ao ponto de que estavam todos aterrorizados, porque várias vezes o lobo chegava bem próximo da cidade. 

São Francisco movido pela compaixão quis sair e enfrentar lobo, mas os moradores da cidade não quiseram deixar e tentaram dissuadi-lo. Mas São Francisco caminhou resolutamente para onde estava o lobo e na vista de muitas pessoas aconteceu o seguinte: O lobo avançou em direção de São Francisco com a boca aberta e Francisco fez o sinal da cruz o chamou e disse: "Vem aqui irmão lobo, eu te mando da parte do Nosso Criador Jesus Cristo. Que não causes dano a ninguém e a nada - Coisa admirável. Disse apenas isto e o terrível lobo fechou a boca e se aproximou mansamente, deitando-se aos pés de São Francisco. 

São Francisco então disse: "Irmão lobo, estás fazendo muitos danos e medo neste povoado maltratando e matando criaturas de Deus sem a permissão Dele. Você não está contente em matar outros animais e bestas e ainda tem o atrevimento de dar morte e causar danos ao homem, imagem de seu Deus. Por tudo isto está merecendo a forca do ladrão e do homicida malvado. 

Quero irmão lobo, fazer as pazes com você e o povo dessa cidade, assim pare de perseguir os homens e seus animais. Com estas palavras o lobo baixou a cabeça e São Francisco disse "vou fazer que o povo desta cidade te dê o necessário de modo que não passe fome, mas não faça nenhum mal nem ao homem nem a outro animal. Me prometes? O lobo inclinando a cabeça diz entender claramente o que dizia São Francisco e este estão disse; "venha comigo". O lobo levantou a pata dianteira e colocou-a na mão de São Francisco e daquela data em seguida o lobo ia de porta em porta e todos o tratavam como a um cachorro de estimação e davam a ele comida e abrigo. E o lobo não causou nenhum mal a esta gente. Viveu mansamente e morreu de velho nesta cidade como lembrança do milagre de São Francisco. Dia 4 de Outubro é dia de São Francisco de Assis. 

Por seu apreço à natureza, é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais, meio ambiente e dos Lobinhos. Pra mim ele é, porém, o Santo dos Jovens. Um exemplo de conversão a ser seguido. Francisco de Assis nasceu na cidade de Assis, Úmbria, Itália, em 1182. Pertencia à burguesia, e dessa condição tirava todos os proveitos.  Seu pai, Pedro Bernardone, era comerciante. 

O nome de sua mãe era Pia e alguns autores afirmam que pertencia a uma nobre família da Provença. Tanto o pai como a mãe de Francisco eram pessoas ricas. Pedro Bernardone comerciava especialmente na França. Como muitos falavam nisso quando nasceu seu filho, as pessoas lhe apelidara "Francesco" (em francês), por mais que no batismo recebeu o nome de João. Em sua juventude, Francisco era muito dado às românticas tradições cavalerescas que propagavam os trovadores. 
Dispunha de dinheiro em abundância e o gastava prodigamente, com ostentação.  Como seu pai, tentou o comércio, mas logo abandonou a ideia por não ter muito jeito para isso. 

Sonhou, então, com as glórias militares, procurando desta maneira  alcançar o status que sua condição exigia. Contudo, em 1206 para espanto de todos, Francisco de Assis abandonou tudo, andando errante e maltrapilho, numa verdadeira afronta e protesto contra sua sociedade burguesa. 

Entregou-se totalmente a um estilo de vida fundado na pobreza, na simplicidade de vida, no amor total a todas as criaturas. Com alguns amigos deu início ao que seria a Ordem dos Frades Menores ou Franciscanos”.


CONTINUA...

Resenha de Livro--> Enclausurado



O tema “morte” muito me atrai. Descubro o que jamais pensei sentir. E sinto tanto, como se ela estivesse a me seguir, feito sombra, a morte. Tive o prazer de ir ao lançamento de um livro, na verdade um velório (*20/10/1992 † 20/10/2012), na Cidade de Atibaia no interior de São Paulo. O poeta se chama Claudemir Rodrigues Pinheiro, o Clau. 

O chamamento para me levar até lá foi “Aqui jaz um poeta”, o que me feriu na alma, profundamente. Mais Clau, de apenas 20 anos de idade, está “vivinho da silva”. Pude me deliciar nas páginas de terror, o verdadeiro amor às palavras. 

“Quando você se vai, caio em prantos por não tê-la feito ficar. Nada mais vai bem, minhas esperanças se vão, vou também”. Seus verbos são encantos. Este doce fingir. Fingir amor, ódio e até loucura. Fato. Um poeta precisa de todos os sentimentos, todos eles juntos para findar amor. Mesmo um amor trancado no peito. Estando enclausurado ou não. Recebi o convite para tal momento do amigo Guilherme Pedroso, Coordenador de Planejamento da Pixxcom, uma agência focada no desenvolvimento de campanhas e ações de Marketing Digital.

Trabalham para inovar os processos já realizados em empresas, aliando a criatividade, tecnologias e estratégias diretas, visando sempre o objetivo final do cliente. Que também esteve presente para abrilhantar o evento, dando apoio não somente a um amigo, e também admirar seu talento. 
“Noutro tempo ele brincava, sentia a vida e nela via sentido. Brilhante época infante! Certo dia percebeu-se diferente, sentia-se confinado em um corpo pequeno demais para a sua alma. Suas limitações foram constatadas; suas expectativas, frustradas. Seus sonhos afundaram, suas ambições foram deixadas de lado. Não havia dúvidas, descobriu-se enclausurado. 
Preso dentro de si poetizou sentimentos. Foi o começo de sua expressão, razão pela qual viveu – Arte! Exprimiu angústias, experimentou sensações, transpassou suas emoções.

O poeta em questão tratou neste livro da vida, da morte, da contemporaneidade, do bem e da maldade. E, e tanto tratar, veio a fatigar. Então ele fez uma escolha na vida – A morte. Explico-me. Quem morreu foi o poeta, já cansado de sofrer para criar, de chorar por amar. Matei-o, confesso, mas suicídio não é crime. Este livro é o corpo de delito, isto prova que me assassinei. Com efeito, prossegue o velório de pessoa viva, mas de alma morta. Ambos éramos um, ele tinha a poesia e eu tinha a escrita. Matei-o, foi preciso, pois ele queria me possuir com sua poesia, com sua rebeldia.

Não penso nisso. Explico-me. Sou vítima e réu de mim mesmo. Um de nós morreu, e desde sempre vejo um cadáver no espelho. Este livro é um féretro aberto, leia-o para ver a morte de perto. Quem morreu foi o poeta Clau, seu caderno em estado terminal foi confiado a mim, Claudemir, e estas memórias póstumas eu dedico ao poeta confinado em cada um de nós, que está à espera de um pouco de poesia para vir à tona e impor a sua voz. 

Aos leitores, eu vos confio estas páginas obituárias”. Pensei que fosse a única louca, por pensar em morte em vida, a vida na morte. Desejar dor e sofrimento. 

Clau faz parte de uma parte da população louca, quer dizer, de poetas que devaneiam nesta loucura que é admirar a amiga de capa preta e de foice na mão. Credo, nem sempre sou assim.  Bom, o livro não é somente uma “nota do inferno” (Pág.39), Clau é sensível nas palavras, sentimos uma busca amarga no amor, em momentos diferentes, um sonho de um mundo melhor... 

“Somos todos espantalhos, crucificados em plantações. Na proteção do que possuímos, desdenhamos as afeições, então murcham-se os milharais e também os corações”. 
Certamente, em meio a tantos ditos e não ditos, mesmo tendo matado seu próprio poeta, tens no sangue ainda resquício de poesia, já basta. Parabéns!

Era uma vez_Contos na atualidade By Johnny Souza



No Colégio São Paulo, na cidade de Atibaia-SP. A professora pediu um trabalho aos alunos, prepararem uma história baseada em um Conto. Pegar uma história e fazer a sua, com próprias palavras e ideias em cima de outra? Uau! Eu adorei esta ideia e aposto que os alunos do 6º ano também curtiram este aprendizado incrivelmente maravilhoso. 
Destaquei aos meus queridos amigos e leitores, o texto feito pelo aluno de onze anos Johnny Souza e também meu filho, para vocês apreciarem. Lendo e relendo, lembrei de um Conto meu de 2009 chamado Kapytuchekin. Coincidência? Não, não. 
Temos um dom literário, todos nós. Ou você busca e se cria ou se recria neste mundo sem imaginação. Realmente ler um livro nos leva a outros mundos, outras ideias. A gente se liberta das amarras reais. E ficamos mais amigo de nós mesmos, e tentamos dia após dia voltar ao mundo que criamos com a ponta de nossas canetas, nos conectar no grandioso mundo das letras.
 E brincar de juntar palavras, ideias e  de “Era uma vez”, é bom demais, não é verdade?
 “Era uma vez… Eu disse uma não três. Uma garota, não é um garoto e não é gorda, chamada Alice. Ela adorava ler livros de piadas, e sempre anotava as melhores em seu caderno. 
Ao invés de ir para casa depois da escola, desta vez, ela sentou em um parque, onde tem sua árvore favorita... Saiu do bando e deitou perto da árvore, tirando da mochila um livro de piadas novo e começou a ler. Na terceira folha começou a ficar com sono, mas não parou de ler. 
Chegou na metade do livro e de repente abriu um buraco, para a sorte dela, justo embaixo da coitada. Apareceu em um mundo cheio de criaturas. 
Ela perguntou para um bicho branco como voltar para o parque, ele disse só se ela conseguisse fazê-lo rir com uma piada, só assim voltaria. Pelo lado bom, Alice conhece várias piadas, mas o bicho parecia meio rabugento, ela disse:
 - O que posso dizer pra você? Adoro piadas. 
Então conte uma logo, disse a criatura. 
- Tá bom, disse ela. A piada que vou contar tem a ver com esse mundo estranho.
- Se não contar logo, te jogarei no rio, ele disse.
- Tá bom, tá bom. Disse ela. 
E continuou... O que tem sete braços, oito pernas, nove línguas e dez bocas?
Minha mulher tem 10 braços, 11 pernas, doze línguas e onze bocas... Pensou ele.
- Não sei, mas é feio. Ela disse.
- Não gostei! Outra. 
- Como é? Ela se indignou. 
- Não gostei da piada, conte outra.
- Tá bom. Qual a diferença do poste e da mulher? 
- Não sei. 
- O poste dá luz em cima e a mulher dá luz embaixo. 
- Chegue aqui garota... Feche os olhos e conte até três... E abre novamente para voltar para casa. 
Mas me prometa uma coisa... 
- Que coisa? 
- Vou chamá-la novamente outro dia para fazer este velho coração feliz de novo. 
- Certo. Ela disse. 
Alice fechou os olhos de novo  e após três segundos estava deitada perto da árvore, como se tivesse sumido por apenas três segundos. 
Pôs o livro na mochila e foi para casa sorridente”. 


FIM
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