Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Contos que conto por Sulla Mino ... INTERNA


Nas janelas grandes grades de ferro, muito pouco dá para se ver o sol da manhã, gritos ecoando no final do corredor...

Tire-me daqui! Tire-me daqui!

Lembrar é o pesadelo de todo o dia...

De quem?

Como?

Por quê?

O sangue escorre pela narina, marcas roxas pelo corpo...

Uma mulher de traje branco caminha pelo corredor com uma bandeja na mão, quem é ela?

Sei que em alguns instantes tomarei comprimido, para lembrar quem sou?

Aqui não se pode ler ou escrever, tomar banho de sol ou passear no jardim, não temos visitas ou presentes, somente noites frias, chão gelado, uma escuridão no quarto pequeno somente.

Dá vontade de rabiscar as paredes com o próprio sangue, gritar a palavra “covarde”, para alguém ouvir fora dali, dá vontade de se trans formar em pó, se juntar com a água e escoar pelo ralo afora...

As janelas entorpecem, as grades emudecem, intimidam...

A comida não é grande coisa...

Tire-me daqui!

Esses gritos atordoantes, este cheiro de vazio, de covardia, estes ecos, estes ecos...

Somente ecos, me agridem.

Não sabemos se no céu tem muitas estrelas ou se o sol na manhã é muito frio, não dá para saber quanto tempo se passou ou se o tempo realmente passa...

Conhecemos baratas e ratos e estas mulheres de trajes branco que caminham sempre pelo corredor, notamos os cochichos dos guardas e os sorridos medíocres quando lêem gibis...

Estou cansando de esconder estes pequenos comprimidos embaixo da língua e depois cuspi-los fora, este vestido branco que cobre meus contornos, estas tiras que machucam meus braços, meus pulsos...
Quatro paredes somente e este som da água caindo da torneira que está quebrada, estou ensurdecendo, pavor...
Onde estou?

Por Sulla Mino ... Alçar













Alçar ventos fortes,

No turbido do tempo em que moro...

Não quero pousar,

não sou daqui.

O estrondo vem do Norte,

é pra lá que vou,

meu alarde,

ostentação,

como o roncar da turbina,

é mais forte que eu.

Alçar ventos fortes,

na direção do que chamam de vida.


Por Sulla Mino ... Manhã - Ao Cmte Pimentel




















Estarei contigo em uma manhã,

numa sede, sentindo teu cansaço,

amando por um segundo minha vida,

preguiçosa, observando tuas carícias mansas,

teus gestos leves, tua fome em me amar.


Estarei ali toda em festa,

com vontade de cantar, dançar, gozar a vida,

teu exausto corpo, tão simples conforto,

fitam meus olhos dormidos e gastos

amar, amar, amar.


Toma-me em teus braços,

na cama novamente, numa alegria virgem ainda,

uma nudez certa, na demência dos lençóis,

eu desmaio lentamente em teu corpo e

tu prolongas nossa manhã de sono.

Por Mário Rezende ... Haikai












De cara suja

A criança sapeca

Brinca na chuva




mariorecanto@yahoo.com.br

Por Mário Rezende ... A Carioca ( Dedicada à Sulla Mino )





















Flor de areia

beleza da praia,

assim como a brisa,

ardente como o sal

carrega no olhar uma tarde de sol;

na boca o sorriso brejeiro

que encanta o mundo inteiro.

O caminhar lascivo

e o jeitinho maroto

faz o tempo quase parar,

alimenta a saudade

de quem deixa esse lugar.

Quando se oferece ao sol

faz a estrela se encher de malícia e preguiça,

esticando o dia e o pescoço

para acariciar mais uma vez

a carioca, amor do mar e do rio.


mariorecanto@yahoo.com.br





Por Sulla Mino ... Jeito de Amar























As virgens palavras envolvem o meu coração,

dissolvem pecados da minha carne...

Tu resistes aos poemas frágeis,

às sublimes frases de uma pequena poesia...

Te sigo nos instantes da melancolia,

nas tuas aflições,

obsessões e agonias...

A cama devora teu anoitecer a cada dia,

com sonhos galopantes,

sentes como um curto lençol...

As faíscas de prazer...

Estou nas tuas delícias,

com minhas manhãs de sono,

absorvendo lembranças, nada mais...

Sinto a fuga me levando para uma tarde sozinha...

Rasgo do meu peito as velhas recordações,

meu corpo pede as artimanhas do teu sexo,

do teu calor despido...

Sou capaz de invadir uma cadeia,

resgatar-te,

mesmo com uma granada presa ao pescoço,

covardes!

Ninguém ama deste jeito,

assim...

Contos que conto por Sulla Mino ... Querido Amante


Não poderei atender as suas ligações, escrevia Deny no papel rosa com flores nas laterais.

Não mais encontrarei você as escondidas, não precisa colocar o vinho na mesa, nem separar as velhas taças, de grandes momentos que tivemos, não comprar as flores vermelhas da Dona Zinha, estarei muito longe, o suficiente para você não sentir saudades...

Entregue a cópia da chave à vizinha do sessenta e um, aquela loira, de seios de silicone e pernas torneadas, não mais irei ao seu quarto.

Deixei aquele vestido preto com paetês em cima do sofá, o espartilho na primeira gaveta do armário e meu chicote vinho atrás da porta do quarto, não mais usarei acessório algum para onde vou.

Quanto àquela viagem à Paris, pode cancelar, não terei tempo para ir a nenhum ligar mais e a nossa casa na praia pode por à venda, não cumprirei a promessa dos fins de semana.





Fique tranqüilo querido que já não tomo o remédio para depressão e no trabalho, minha demissão está assinada sobre minha mesa.

Os recortes e fotografias daqueles dias na Itália pode jogar no lixo, os vídeos gravados dos nossos encontros na web, aqueles sexos virtuais pode deletar e não precisa mais usar o perfume de minha preferência, muito menos usar aquele lençol de seda na cama...

Adeus.

Estarei na minha casa quando você estiver lendo esta carta de despedida, tomando um belo café, tentando ainda decorar minha poesia preferida, que ainda está naquele bloco de anotações, que recitei muitas vezes no seu ouvido.


Já coloquei gasolina por todos os cantos e estou com o Zippo (isqueiro) na mão.


Fernando descobriu.







Por Sulla Mino ...






















O cupido trabalha em dobro para
acertar meu coração...
Enquanto isto eu aproveito
a insônia como a melhor
companhia.

Por Rogério Nascente ... Eu não Desisto


















"Eu não resisto





Às vezes confuso procuro

Um ambiente, um local, porto seguro

Em que eu sinta as palavras pelo ar.



Onde as emoções aflorem

E os ventos, firmes, explorem

Os sentimentos no lugar.



E eu respire o néctar dos apaixonados

E mesmo a mágoa dos desiludidos.

E perceba, quieto, a tristeza ou a alegria.



Porque capto, e não está em mim,

As imagens, os silêncios, tudo enfim

Que traduzo na forma de poesia.





Eu não resisto..."





Rogério Nascente ( Recanto das Letras )

Por Sulla Mino ...Desnudo


















Preciso de um tempo ou

o resto da vida para emprestar meu fingir

ao meu pensamento,

amando e não esquecendo,

chorando e sentindo saudade,

dizendo até já e não pensar no adeus...

Empresto lágrimas e palavras,

noites mal dormidas,

punhado e destroço de versos.

Temo meu pensamento aconchegar-se

em alguém anônimo e indiscreto,

intruso e deprimido,

numa aventura louca sob um comando

invisível,

ir no fundo como uma música gospel e

vê uma deusa sangrando...

Palpite do medo, nenhum pensamento

seria tão descalço,

preciso de um pouco mais de tempo,

para rabiscar pavor na minha sombra fardada.

Meu corpo desnudo jogado na poça,

indo à falência,

sinto a chuva caindo lentamente,

tento acordar e não consigo,

tento levantar e não sou forte,

não posso com o meu pensamento, prefiro desistir,

não preciso de tempo algum, nem fingir,

fecho meus olhos

e sei que agora Deus não dorme.

Por Mário Rezende ... Haikai







Ganhei um beijo



Da mulher bem amada



Uma delícia!





mariorecanto@yahoo.com.br



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