Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Eu, modo de usar



Minha reflexão esta semana sobre pequenas coisas em nossa vida, uma coisinha mínima, que te molda para a vida inteira... Martha Medeiros... Só ela é capaz de me encantar com seus devaneios. “Eu, modo de usar: Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. 

Acordo pela manhã com ótimo humor mas… permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. 

Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem… gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. 

Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes. Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca… Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. 

Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família… isso a gente vê depois… se calhar… deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos… me faça massagem nas costas. 

Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar… experimente me amar!”.



Museu Nacional_Parte1 (conhecido como Museu dos Dinossauros)


















http://www.museuhistoriconacional.com.br/

Tenho procurado...



Tenho procurado palavras para escrever uma declaração de amor. Tenho ensaiado  em frente ao espelho, frases doces, palavras de conforto. Tenho buscado um EU mais forte aqui dentro. E nestes momentos em que tenho buscado tantas coisas, encontro um pedaço de mim que sente. 

Sente tanto que dói o peito, que aperta minhas sensações e paraliso. Paraliso ideias, lembranças que já havia esquecido. E em tantas tentativas vãs de se esquecer coisas perdidas, acabei encontrando outras que não desejava. Não desejava ter medo. Não medo do escuro ou saltar de jumper. 

Medo de ter medo. E com isto, o choro acaba sendo incontrolável. Feito torneira quebrada, que pinga e pinga e este gotejar que se junta no assoalho cinza, que escorre para lugar algum. Minha declaração de amor no momento está em branco. Não há palavras bonitas ou frases completas...A caneta ainda está em minha mão, a tinta é colorida e perfumada, o papel reciclado num tom gelo. Só isto consegui até o momento. Tenho procurado até mesmo no dicionário, de A a Z, e ele se torna invisível, não enxergo o que gostaria de escrever. 

Ou as coisas se embolam, uma mistura de cor e letras, tudo miúdo e cruel. O que tenho medo de ler? A palavra Fim? Adeus? Morte? Eu tenho procurado uma escrita afável para desabafar. Procuro uma faca afiada para cortar o nó desta corda das mãos. Procuro em mapas estranhos, diagramas esquisitos, imagens de raio x...Incertezas descritas em cruzadas pálidas. E nas minhas tentativas de rabiscar no papel, me sinto lentamente caindo no abismo, um imenso percurso entre o entender e o aceitar. Entre tolices e dúbias. 

E mesmo neste cair desesperador, me pego repetidas vezes tentando agarrar nas paredes, agarrar-me nas lacunas do desespero e dor. E sinto que estou dormente, de algum modo torto que não alcanço, ou minhas garras estão curtas, nem afiadas ou vejo estas brechas que não existem. E me torno coisas que giram e que somem... Ou aceitar que todo poço tem beira e fundo. 

Eu procuro mesmo assim, entender as fases que me rondam, da lua, mar e SOL.


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