Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Mary e Max




















Mary e Max é um filme Americano/Australiano, longa-metragem escrito e dirigido por Adam Elliot, escritor e diretor de animação baseado em Melbourne , na Austrália. Seus filmes participaram coletivamente em mais de seiscentos festivais e receberam mais de cem prêmios, inclusive um Oscar para Harvie Krumpet . Em junho de 2009, o filme Mary e Max venceu o Cristal do Annecy International Animated Film Festival. Em 2010, o Centro Australiano para a Imagem em Movimento exibe uma exposição de arte do filme. O longa acontece 1976 e conta a história da amizade, que dura há 22 anos entre Maria, de 8 anos, solitária, que mora em Mount Waverley, um subúrbio de Melbourne, na Austrália, e Max, de 44 anos de idade, um obeso, judeu ateu com síndrome de Asperger , que vive em Nova York. O filme aborda vários temas sombrios incluindo negligência, suicídio, depressão e ansiedade. Desenvolvido com a técnica do stop-motion e finalizado com a ajuda da computação gráfica, o filme é baseado em fatos reais, sobre a amizade entre uma menina e um novaiorquino. Ela é gordinha, desajeitada, muito curiosa; sua mãe é uma alcoólatra depressiva e seu pai trabalha numa fábrica. Max é um senhor que sofre da Síndrome de Asperger, recluso em sua casa, seus pensamentos lógicos e seu vício em cachorro quente de chocolate. É possível pensar que se trata de uma animação de história engraçada, mas o que se vê é um drama cômico, e impressiona pela densidade e rumos inesperados que a história sofre. Mary “vê” tudo em tons marrons, enquanto que Max “vê” tudo em preto-e-branco. O que acontece quando as duas visões de mundo se encontram é profundo e bonito. Os personagens encantam e emocionam do começo ao fim, assim como a bela trilha sonora instrumental. Uma overdose muito bem vinda de originalidade, uma frase, dita pelo médico de Max, Dr Hazelhof, resume o filme: “a vida de todo mundo é como uma longa calçada. Algumas são bem pavimentadas, outras (…) têm fendas, cascas de banana e bitucas de cigarro”, como diz a extensa crítica de Fred Burle, com todas as suas essenciais e magníficas palavras. Pensei em muitas fases da minha própria vida, aqueles instantes, muitas vezes longos, em que não temos amigos e somos rejeitados? Pois é, o filme nos leva a fantasiar, questionar nossas dúvidas, maneiras de agir e até de pensar. Chorei, as cenas nos levam à tantas lembranças, esperanças, a gente passa a perceber como magoamos as pessoas em nossa volta, somos mesquinhos. O amor, só ele é capaz de mudanças em nossas vidas, de transformar o amargo em doce, valorizar uma amizade, mesmo que à distância. Todos nós temos conflitos, dos mais diversos possíveis e a melhor maneira de viver, é vivê-los. O filme vale a pena e finalizo com a expressão de Fernando Pessoa “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela”.


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