Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Forfé

Tenho pensado muito, muito mesmo, nestes dias ensolarados e de noites frias. Tenho pensado neste forfé diário, aqui comigo e no mundo afora. Nesta bagunça louca, esta fuzarca desmedida. Este é o nosso mundo, de muito agito, de ausências e de fartas faltas. Forfé tem muitos sinônimos, antônimos e palavras relacionadas, justificativas... No original, significa penalidade ou punição, no sentido de se pagar pela falta cometida ou de perder algo de valor por conta disto, como uma soma substanciosa em dinheiro ou a liberdade pessoal. Uma Corruptela do original em francês, "FORFAIT", cuja pronúncia é, precisamente, "Forfé". No Brasil, provavelmente por tradução ignorante, virou sinônimo para confusão, festa, bagunça, Quiproquó, Fuzarca, "Pampeiro". E não é o que vivemos? O Forfé é usado também nas corridas de cavalos com o sentido de desistente, ou seja, para indicar algum competidor que não participará da corrida para a qual está inscrito. Os forfés deste páreo são os números cinco e oito. É quando o animal inscrito em determinado páreo numa corrida, por uma causa ou outra deixa de correr ou se apresentar. Um dos motivos é aumentar o valor da "poule" (aposta). O maior favorito do 5º páreo, Bonanza, fez "forfait".

Também é usado no turfe, quando um cavalo está no boleto, quando não irá correr por algum motivo de contusão. Ainda existe a interpretação que levou para a ideia de brigas. Na Bahia também se caracterizou como fofoca. Forfait na língua de Moliére é traduzido para a língua de Camões, literalmente, como uma taxa ou imposto a pagar. Também quer dizer: desistir. É uma convenção pela qual é estipulado um preço fixo com antecedência e de modo invariável para a execução de um serviço. Pode-se também ser um erro ou até mesmo algo com preço combinado, prefixado. Por fim temos também o déclarer forfait, desistir de uma competição, anunciar que não se tomará parte de uma prova. Vivemos no Brasil de muitos forfés, intensos e absurdos. E certamente viveremos nesta balada sem sossego, nesta apresentação tola de confusões e furos, por muito tempo. Ainda podemos mudar alguma coisa, ainda podemos não fazer parte destes forfés medíocres existentes por aí. Sinta-se livre para escolher o seu forfé, o seu momento preferido, uma grande festa na sua cidade ou algum evento que torne sua noite, uma noite de uma cena agradável, ainda é o melhor caminho. Continuo pensando neste baú de paradoxos da nossa vida moderna, nos tantos e muitos forfés ao nosso redor, neste Brasil e seus conflitos e também os existentes dentro de mim, nestas apostas inúteis, nestes desvios muitos de nós, pra nós. Esta confusão ainda terá um fim, esta bagunça que fazem por aí, ainda terá um fim, por enquanto tenho meus próprios forfés, eles todos estão tumultuados e sortidos aqui dentro. No momento começarei resolvendo o forfé danado que minha vizinha faz neste momento. E o seu forfé de hoje?

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