Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Por Sulla Mino...Ser Imortal, Adeus, Restos Mortais, Despedida de Ana, Contos que conto CIBELE














Ser Imortal





Não és amado,

não és lembrado,

nem se quer és notado.

Ocupante inútil do belo espaço do mundo,

pedra no caminho, barreira,

um qualquer sem serventia!

Amas, sentes, por quê? pra quê?

Para que possas assim

sentir a dor que o amor trás,

para saber o sofrimento do que é sentir!

Vives por viver, por teimosia.

A morte parece viável, útil,

agradável...

Mas até para morrer tens que ser querido,

pois a morte escolhe quem ela quer...

Serei então imortal,

viverei pra sempre, pra nunca esquecer

o que é sofrer,

pra sempre não ser!

Pobre dos mortais...








Adeus



Onde está seu coração agora?

Depois de tanto sonhar e sofrimento,

agora é seu destino a desilusão.

A alegria que era sua vitória,

agora nem liberdade, nem glória.

Cadê o anjo que governou sua vida?

Nem carícia encontrou no colo de sua mãe,

nem nos braços dos homens.

Perdão, desculpas,

essas te abandonaram na hora da dor,

hoje ninguém quer notar sua ausência.

Amar um homem ou a si própria?

Descobrirás com as estrelas ou

nos velhos sonhos de infância,

no livro que está fechado.

Nenhuma razão poderá trazer-te de volta,

outra vez ficar.

A vida estava em suas mãos e

você a colocou no bolso.

Nos deixou sem um adeus, sem um sorriso,

marcas de sangue deixou...

Crianças que sofrem caladas e

sorrindo para o mundo em que vivem,

isso também deixou.




















Restos mortais...



O mundo sobrevive insano,

cruel e covarde,

não há saudades, lembranças ou

verdades.

Há restos somente de amor e

de maldade.

Sangue na blusa do assassino,

calo nas mãos do coveiro,

lágrimas e voz rouca no jovem em protesto.

Não dá para apagar o pecado em um

papel velho e traçar novos contornos de

um novo dia,

um sol e uma casinha como

no desenho de criança.

O sabido não mais se queixa e

a idéia de sair correndo não foi minha...

Este mundo de cemitérios e

histórias mortas,

estes restos,

que ao nascer já não se tem vida alguma...

Uma bela maçã, este foi o pecado...

Agora só mutantes vestidos de fantasmas,

Ícaros,

e ao invés de se cair no mar,

caímos nos restos mortais do tempo

com panetes na boca.




















A bela jovem está deixando os sonhos,

também a força de viver,

de sorrir,

de sair correndo na chuva,

como fazia quando criança.

Está deixando marcas nos lençóis agora,

gosto salgado de lágrima no rosto,

todos os rascunhos e poemas,

umas simples poesias e contos,

no caderno preferido.

A ironia de querer ir à Paris,

de entrar de branco na igreja ou

de usar um sobrenome diferente

de Souza.

Toda a ganância de ganhar

o mundo está deixando, também

a vontade de brincar com os netos.

A felicidade deixou sair pela porta

da frente,

ela merece sair do cativeiro.

Todos os planos foram em vão e

conquista nenhuma houve.

Gritar e calar se enfrentam no

momento e a vontade de ir embora aflora.

Despedida de um corpo que já

não é matéria,

sentimentos loucos e memória fúteis

está deixando para alguém como herança.

E a lembrança das noites sem sono,

deixa para alguém que não vê o dia,

alguém que rabisque traços

mais perfeitos que os que ela desenhou.

Hoje já não faz mais gosto e

tudo que derramou se transformou em pó,

assim como seu nome que sopra

por aí, neste deserto que se chama vida,

E o embalo forte do vento da noite,

se dispersa ecoando Ana,

Ana, Ana...



Um comentário:

Anônimo disse...

Olá! Nesse conto você quis falar da difícil transição que é passar da juventude para a velhice?
Ou você quis falar da juventude de alma?
É engraçado essa coisa de escrever. Às vezes quando você escreve pensa em algo completamente diferente daquilo que as pessoas que lêem pensam.
A interpretação de um texto depende muito de quem lê.
Adorei os contos.
Se não for pedir muito. Você poderia me avisar sempre que publicar um novo?
Eu também gosto muito de escrever. Você é jornalista?
Poderíamos manter contato?
Aguardo uma resposta.
Abraços.
Cordialmente!
Karine Câmara.

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