Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

CONTOS QUE CONTO...O DIA DE ADÉLIA




São 3:30 da manhã, Adélia está saindo da Boate, despensa a carona de amigos, no intuito de se aventurar na caminhada até sua casa, alguns quarteirões.

Adélia está completamente bêbada, seu lápis dos olhos borrados e sua sandália nas mãos, tentando chamar a atenção na rua, um delírio insano.

Depois do primeiro quarteirão sentiu-se seguida, quando olhava para trás não via ninguém, sua visão embaçada, continuou a caminhar, cambaleando de um lado para o outro, trocando as pernas. Cantarolava uma música “ I Feel Good...” e arriscava uns passos aqui outros ali nas poças d’água, da chuva que tinha começado a cair.

O resto do lápis descia em seu rosto, uma espécie de lágrima negra e Adélia sorria, dava gargalhadas como uma bruxa dos contos infantis...

Parou na esquina do terceiro quarteirão e no beco estreito que havia Adélia parou, se aproximou de uns latões de lixo e ali mesmo ficou uns instantes, estava se sentindo mal devido tanta bebida que tomara...

Ouviu uma voz estranha vindo do final do beco, uma voz num tom muito grave, chamando por ela, “Adélia... Hoje é o seu dia...Venha...”.

Assustada com o que ouvira, saiu daquele beco, sem as sandálias nas mãos, enxugando o lápis borrado no rosto e se pos a correr, correr com passos desesperados, olhando para trás de minuto em minuto e aquela voz quase que sussurrando em seu ouvido...” Adélia...Hoje é o seu dia...Venha...”.

Consegue em poucos instantes chegar em casa, toma uma ducha e um remédio para dor de cabeça, se pos a falar sozinha “ Vou parar de beber, vou parar de beber...”. Adélia tentada dormir, parecia que estava entrando em um ciclone, tudo rodava e a impressão que tinha era de estar caindo...E nesse momento louco, com pouco reflexo, de angústia, notou a sua frente um vulto, de um homem alto, talvez de chapéu, com um sobretudo, não sei.Adormeceu.

Pela manhã, um pouco atrasada, se apronta rápido, pega seu carro e sai para o trabalho...Passando na BR 180 em frente à Boate onde estivera na noite passada, seu carro se desgoverna, enquanto tentava desviar de um vulto, talvez de um animal e capota.

Ouvia-se a sirene...

Muitas pessoas olhando para o carro de Adélia, ali em chamas...E no meio daquelas pessoas, um homem, alto, de chapéu Panamá e sobretudo...” Eu disse que era o seu dia, de um jeito ou de outro...”.

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