
Por duas vezes o mandaste embora, Pequenina. Mas ele sempre deu um jeito de ficar. E a raiva do desprezo fez com que viesse à tona o que restava oculto no porão dos vícios.
Teu pequeno corpo minguou mais ainda à sanha dos maus-tratos. Outros tentaram obrigá-lo a ir embora. Mas ele os convenceu de que ainda eras sua posse. E quando já pensavas em descansar e curar tuas feridas, uma nova carga de ódio se abateu sobre ti, pela ousadia de te pensares livre.
E teu corpo pequenino, exausto e arfante, espera indefeso o pontapé que te quebre a última costela.
Ronaldo Monte
Clube do Conto da Paraíba, 29.11.2008
Imagem obtida em: http://www.parceria.nl/
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