Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Contos que conto ... Lícia, a bela ruiva.


A bela ruiva, de pele sedosa e lábios sedutores começa sua noite no meio da pista de dança de uma badalada casa noturna em São Paulo.

O contorno do seu corpo, o rebolado do seu fino quadril e o jeito tracejado se suas mãos ao dançar e o contorno de suas pernas, que dava para notar ao longe, parecem suavemente de uma dançarina de Tango. Estou enganada, a música do recinto soa Techno ou algo parecido. Os traços suaves acompanhando o ritmo da música, o estranho som, sem letra, os toques sinistros rítmicos acelerados, Lícia parece estar em câmara lenta de tão formosa que é.

A bebida preferida já está fazendo efeito no paladar, nos reflexos tortuosos, as luzes ofuscas, a pista era o palco perfeito das alucinações, das satisfações e dos desejos.

A turma chega, homens e mulheres trajados de adolescentes rebeldes, irônicos, sem causa nem causas.

Mais bebidas, mais cigarros, mais risadas altas e berrantes e papos sem graça nenhuma, sem serventia alguma, sem conteúdo e tudo um verdadeiro glamour, alucinante, sem volta.

O rapaz sentado na primeira mesa ao lado do bar, uma taça de vinho e um pedaço de papel com algumas anotações, desde cedo ele observa a dama da noite, a bela ruiva, um verdadeiro galã ali tão solitário, o modelo perfeito para uma noite de aventura, pouca palavra bastou e depois de um olhar pedinte, fez seu convite à bela jovem.

Em menos de uma hora eles já eram o casal mais romântico da noite e Lícia queria história para contar no Blog mesmo.

Lá pelas tantas, o beijo já não eram tímidos, o passo da dança já não era tão distante e a bebida já não era mais a mesma e daí apenas o letreiro do lugar que chegavam servia de testemunha, como um abutre rondando a presa.

A sandália no canto do quarto, o meia-taça sobre o abajur, guimbas, notar de um dólar em canudinho no chão, seringas, a mesinha embaçada com pó...

Lícia deitada na cama, o corpo suado, o lençol amassado, o cabelo embaraçado, a vela com essência de morango pagada.

O quarto escuro, lembranças de instantes, o corpo a amostra de ninguém a sua frente, o silêncio reina.

Pegou no sono?

Simplesmente um corpo abandonado.

O latejo na rua normal.

O sol pela manhã invade pela brecha do cortinado e nem assim Lícia se movia, nenhum bom dia, apenas marcas avermelhadas no pescoço, nos braços e em sua volta restos de pecado, de uma loucura não medida.

Uma overdose sem amor.

Um comentário:

Josselene Marques disse...

Sulla:

Trágico final. Lamentavelmente, também acontece, com frequência, na vida real.
Como sempre, é um prazer visitar o seu espaço.

Um ótimo feriado!

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