Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Crônica:“Amigo Oculto”

Acho que neste mundo ninguém procurou descrever o seu próprio cemitério. Paulo precisa fazer algo sobre isto, com todas as forças enquanto é tempo. Talvez uma simples carta endereçada ao seu pai, faria alguma diferença.

“Sinto muito”, seria o começo dela, seu último diálogo, confessaria nela, o que o pai nunca desconfiou. Teria de ser uma mensagem breve e um tanto clara e seguir rapidamente com suas palavras ao objetivo principal, “pai, conheci meu amigo oculto”.

É verdade, algo mata Paulo! Lentamente, brutalmente, na verdade, seu próprio “amigo”, assim o faz, sem piedade... E tudo começou no seu aniversário de 16 anos, na porta da escola.

Este amigo apareceu em sua vida, elegantemente vestido, palavras suaves e doces, mexendo com o brio de um adolescente carente, não era homem o suficiente para dizer um simples não.

No começo, apenas as tonturas eram visíveis, os enjoos breves e depois a mais repleta escuridão. Nada mais tem sentido.

Falta de ar, alucinações, e depois a euforia de uma “picada” maior.

O homem que aparecera na porta do colégio há três anos atrás, apresentou a mais um jovem, um amigo oculto, seu assassino.

Paulo acabara de chegar ao hospital, sem chances. Seu próprio cemitério.

Hoje seu aniversário de 19 anos.

Não houve tempo para a carta.

2 comentários:

Mario Rezende disse...

Não conhecia esse seu lado trágico.
Mas você também é boa nisso, descobri.

VELOSO disse...

É uma dessas crônicas que arrepiam um tema forte mais que precisa ser falado e enfrentado. O brigado pelo comentário carinhoso lá no Baú é muito gratificante e sempre traz mais inspiração.
felicidade sempre menina

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