Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Qual sua oração?

Quando abrimos o jornal, no intuito de uma manhã de boa leitura, de belas notícias, nos deparamos com notícias ruins, sempre as ruins primeiro e em primeira página, com fotos ilustrativas e tudo mais, até dos acidentes eles colocam fotos, de várias posições dos corpos ensanguentados. São pais que maltratam filhos, estupram, atormentam, acidentes terríveis, brigas em festas, chuvas e suas catástrofes. Lemos sobre violências nas escolas, bullyng, homofobia, racismo, tribunal de contas desperdiçando palavras no linguajar que já nos acostumamos, argumentos e sempre mais desculpas pelos ocorridos. As pessoas acham que “cuspir” na Internet a ira das coisas ocorridas no Brasil é a coisa mais maravilhosa do mundo, se acham os donos do saber. Você já se perguntou o que faz para mudar? Mudar uma minúscula coisa que acontece de ruim no mundo? Isto mesmo, se pegarmos uma percentagem destes medíocres, veremos que somente 30% fazem algo para reivindicar, aperfeiçoar, encorajar, avocar ou qualquer outra conjugação, sinônimo e rimas e os demais?

Sinto-me ofendida e ferida, n’alma. Somos todos um Brasil só, com todas as raças e religiões, guerras, tráficos, enchentes, prostituição, analfabetismo, ruas esburacadas e com esgoto a céu aberto. Eu tenho tentado mudanças, quero fazer parte de uma maioria, de coisas boas. Estamos todos nas favelas, morros, becos úmidos, ruas de paralelepípedos soltos, estamos juntos no medo e dor, na angústia e na espera de um dia melhor, de lembranças boas e sonhos bons. Somos todos da mesma espécie, das mesmas características, dos mesmos gostos e paladares e queremos um dia poder abrir os jornais e obter notícias melhores, fotos boas ao nosso olhar, palavras doces e gentis. O inferno nos aguarda, o céu nos espera, o umbral nos reverencia, somos pó diante de qualquer acontecimento, religião, somos históricos, guerreiros, desbravadores, passatempos do tempo cruel e ordinário. E você? Qual sua mudança? Você realmente é da mesma espécie que eu ou ainda anda de “quatro”, de “lado” ou é realmente cego? Ou será que em minha volta existem somente “caranguejos”? Pergunto-me, muitas vezes, qual oração devo fazer? Ou talvez seja melhor não mais ler notícias nos jornais, revistas...Quem sabe não entrar mais na Internet e me manter no “mundo de Bob”, onde tudo estará realmente ao contrário e me deliciar nas minhas próprias fantasias. Temos de saber qual oração prestar antes de dormir ou viver sonhando, mais sensato ainda. Poderia me ensinar sua oração? Minhas palavras não funcionam mais. Quero motivos, uma forma extraordinária de fingir, este fingimento tosco que 99% do mundo tem.

Um comentário:

Roberta disse...

Lindo poema.

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