Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Poesia por Sulla Mino --> Paranoia

Paranoia


Destroços sanguinários de mim,

do monstro que consome minh’alma.

Carência de uma parte que não nasceu ainda,

uma parte pouca,

louca de mim.

Eu ali,

cambaleando no precipício,

sem penas ao corpo para aparar a queda.

Um milagre preciso,

para não murchar meus girassóis de amor.

Partes avulsas da melancolia que se esconde no meu quarto,

na faca,

no diário,

na cama...

Tentei enterrar meus gritos cafajestes,

meus desafetos e

aqui estou,

sem discrição para falar de sexo,

para falar de amor.

Fugi e não tenho vergonha disto.

Os cacos me cortam,

os vultos me empurram...

Esta paranoia ainda me mata

e sonhar tem sido meu fim.

3 comentários:

Fanzine Episódio Cultural disse...

Heróis sem quadrinhos

Em suas páginas agimos como meninos
Abrindo a grande cortina de recordações
Para viver cenas em preto e branco.

Das tiras de jornais
Mocinhos e bandidos
Tornaram-se heróis e vilões.
Como éramos felizes
E não sabíamos!
Como é triste hoje enxergamos
O vazio do amanhã!

Aí vem o Roy Rogers galopando,
Buck Jones e Tom Mix ali acenam
Final feliz ou incógnito?
A resposta ficou nas lágrimas
De uma donzela.

Nossos heróis se foram
Deixando-nos apenas saudade.
Levaram consigo a certeza
De que homens nos tornaríamos.

Crescemos num mundo concreto
Real, carnívoro, traiçoeiro,
Mísero de valores culturais
Abastado de líderes sem valores.

Os heróis de ontem não têm mais quadrinhos,
Nem espaço nas recordações,
Mas enquanto existir a criança de ontem
Continuarão aventurando-se em nossos corações.

*Agamenon Troyan, poeta mineiro é autor do livro (O ANJO E A TEMPESTADE)

Anônimo disse...

Paranoia exemplifica a agonia que se sente quando se procura algo e esse algo não consegue ser localizado. O que falta, portanto, incompleta o corpo e o deixa longe de se satisfazer, plenamente, por mais que as fantasias surjam e o bem-estar, vezes por outra, apareça. É preciso, pois, tentar completar-se e fugir dessa viagem insólita que persegue o ser e que a aprisiona a alma a ponto de deixar apenas o desejo de um sonho.
Abraço,s
Raí

Mario Rezende disse...

Perfeita poesia, da minha poetisa predileta. Vou publicar lá no blog que também é seu, mas não usa.

Abraço afetuoso

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