Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Por Sulla Mino...Quem nunca sentiu saudade um dia?

Por que nossos amigos ou entes queridos se vão tão depressa? Eles vão ao infinito, em direção ao porto da eternidade? Realmente correm naqueles campos vastos de verdes sinistros e flores campestres?

Aqui nós ficamos sem entender esta partida, e por mais que queiramos não encontramos respostas, não encontramos conforto, não temos um lugar invejável e belo para chorarmos, para lembrarmos de algum momento fútil. Sei que este belo lugar que eles conhecem existe, eu já senti, eu já sonhei uma vez.

Podemos mostrar estas lágrimas aos pedestres pedintes? Aos corriqueiros do asfalto quente? Não, não podemos...

É melhor então não chorar.

Lembramos sempre dos sorrisos deles, das alegrias, das esperanças, dos projetos deixados, de alguma coisa pouca, mas que deixaram...

Ficamos em saudade, uma saudade tão concreta, que se espalha em todos os lugares. Cada um ama um amigo, um tio ou até mesmo uma sogra que se foi...

Entregamos numa mensagem qualquer, o beijo que não foi dado, o abraço que ficou para trás, o sorriso que ficou pendurado no rosto. Entregamos um texto, uma carta e até mesmo um recorte velho de jornal, uma foto mal tirada... Eu entrego a alguém e sei que você também entrega de uma forma, talvez um breve pensamento.

É difícil não olhar para trás, não sentir esta dor, não limpar estas lágrimas que escorrem no rosto fraco de um dia intenso de trabalho, um corpo cansado ao final do dia, mas com a mesma memória, com o mesmo sentimento de dor.

Temos de encontrar um caminho, mesmo estreito ou de qualquer jeito, para descansarmos um dia, e não há caminho melhor que saborear o frio com um luxuoso e purpurinado cobertor de amor. Temos de saber se queremos um belo véu por cima da caixa de madeira, o tipo de flor, a capela preferida, eu sei, não quero saber!

Este é o nosso conforto?

Nada melhor que ouvir o badalar dos sinos do céu, que sentir o perfume das flores belas de um jardim diferente, estar no acalanto de um tempo sempre primaveril.

Quem se foi, descobre agora que há mistura de cores no final do arco-íris e que podem voar, ir além das montanhas, ir mais do que podem imaginar... Eu imagino ser melhor que aqui.

Lentamente pegam no sono, por causa do embalo de um infinito céu estrelado, como um acalanto dos braços de uma jovem mãe. Que podem correr no chão campestre que Deus não vai brigar...

Há muito mais do que eu possa descrever do que estas meras palavras...

Estarão em nossos choros de alegria e poderemos senti-los toda vez que a noite chegar e olharmos a bela lua...

Aqui dizemos adeus e onde estão fiquem com Deus!

Quem nunca sentiu saudade de alguém um dia?

2 comentários:

Anônimo disse...

"Todo jardim, começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvores seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem Jardins por dentro não planta jardins por fora. E nem passeia por eles ... Rubem Alves

Anônimo disse...

E, o que era que eu queria?
Ah, acho que não queria mesmo nada,
de tanto que eu queria só tudo.
Uma coisa, a coisa, esta coisa:
eu somente queria era - ficar sendo!
(Guimarães Rosa)

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