Tenho sede, uma absurda vontade de goles grandes de palavras "malditas" (...)

Poesia por Sulla Mino --> Despedida de Ana

A bela jovem está deixando os sonhos,

também a força de viver,

de sorrir,

de sair correndo na chuva,

como fazia quando criança.

Está deixando marcas nos lençóis agora,

gosto salgado de lágrima no rosto,

todos os rascunhos e poemas,

umas simples poesias e contos,

no caderno preferido.

A ironia de querer ir à Paris,

de entrar de branco na igreja ou

de usar um sobrenome diferente

de Souza.

Toda a ganância de ganhar

o mundo está deixando, também

a vontade de brincar com os netos.

A felicidade deixou sair pela porta

da frente,

ela merece sair do cativeiro.

Todos os planos foram em vão e

conquista nenhuma houve.

Gritar e calar se enfrentam no

momento e a vontade de ir embora aflora.

Despedida de um corpo que já

não é matéria,

sentimentos loucos e memória fúteis

está deixando para alguém como herança.

E a lembrança das noites sem sono,

deixa para alguém que não vê o dia,

alguém que rabisque traços

mais perfeitos que os que ela desenhou.

Hoje já não faz mais gosto e

tudo que derramou se transformou em pó,

assim como seu nome que sopra

por aí, neste deserto que se chama vida,

E o embalo forte do vento da noite,

se dispersa ecoando Ana, Ana, Ana...


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